POESIA CRÔNICA (FILHOS)

Sou a mais nova de seis filhos

Passei a maior parte da vida com meus pais

Dois irmãos já partiram

E os que faltam aquí não estão

Fui rejeitada desde a barriga

A última de uma luta

Porque a mãe não me queria

Até hoje não se explica

Não sei porque não vieram buscar

Porque se tivesse sido doada

O trauma seria pior!

A sorte iria mudar?

Cuidei do meu pai até falecer

Encontrei um deserto de medos

E mais traumas me acompanham

Hoje não consigo esquecer

Sempre fui considerada

A ovelha negra da família

A única que se informou

Para ser pessoa digna

Pior é que a sorte não mudou

Estou sofrendo com a mãe

Cuidando noite e dia

Que a mim não dá valor

Me tem muita aversão

Fui dada em questão

Como arrimo de família

Não percebo qualquer afeição

Hoje sou uma poeta

Triste e isolada

No meu mundo vivo fechada

Neste coração não há festa

Aprendi minha amargura expressar

Choro e canto poesia

Aquí ou em qualquer lugar

Sou o burro, não de letras

Mas, sozinha pra lutar e carregar

Os outros ficam ausentes

Só reclamam descontentes

não imaginam quão demente

Estou de sofrer e penar

Na vida tudo passa

Um dia irão lembrar

Não tarda a velhice chegar

Terão os seus filhos para lhes cuidar

Escreveria até o dia amanhecer

É o que me faz passar as horas e viver

Havendo e crescendo tanta amargura

De ser chamada pela mãe de criatura

Um dia serei abençoada

Por Deus que me ver desconsolada

Hoje não tenho paz nem razão

Deleito minha vida como poeta flagelada

Para o PC confesso a minha contensão

27/04/2011.

Esperança Castro
Enviado por Esperança Castro em 27/04/2011
Reeditado em 20/01/2012
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