CONSEQUÊNCIAS DE UMA MEXIDINHA
Cá estou eu a falar outra vez com meus botões. Nada filosófico, não chega a ser um "ser ou não ser" pois esse é do Shakespeare. Porque será que sempre busco meus botões para conversar? Que, aliás, não são meus e sim da minha blusa. Que não é a blusa que a companheira do Roberto Carlos, pouco a pouco, desabotoava. Coisa antiga, meu Deus! Desabotoar lentamente... Hoje nem se desabotoa nada; se vacilar, adeus botões!
Finalmente vou iniciar o assunto desta crônica. Crônica? Eu ia escrever uma crônica ou falar com meus botões? Porque será que sempre confabulo com meus botões? Deve ser porque botões não falam. Aí me sobra mais tempo no diálogo. Diálogo? Isso é monólogo! Mas, monólogo de dois? Sim, porque somos dois... Afinal meus botões, ou melhor, os botões da minha blusa também são gente. Gente? Por que não? Não teve um político que disse que cachorro também é gente? Bem, eu não sou cachorro não, Valdik Soriano que me desculpe o plágio... Mas que levo uns chutes no traseiro, ah, isso levo! E não é bem da vida, não. Afinal, neste País não se chutam só cachorros. A população também...
Chutam gente de um hospital para outro, porque não têm vagas. Chutam o cara para a favela, por falta de casa própria. Chutam a nossa dignidade com um salário mínimo, tão mínimo que não dá para o mínimo das nossas necessidades. Chutam a arrecadação dos nossos impostos para lugares ignorados. Chutam nosso dinheiro para dentro de bolsas, de cuecas, de meias, de movimentos sociais dos que não querem pegar no pesado. Chutam nossa inteligência ao tentar explicar situações políticas inexplicáveis...
Só não chutam o nosso voto porque esse, elegendo corruptos, palhaços e políticos de carreira, é responsabilidade plena de pessoas desavisadas, ignorantes ou, no mínimo, gozadoras.
Nesta salada toda, acho que me perdi... Quem sou eu? Onde estou? Que País é esse? Vejam a força que tem uma mexidinha... nos neurônios!