Youtube problemática a vista
Estamos entrando em um novo paradigma de informação quando vemos o Youtube, um site em que vídeos são compartilhados pelos internautas. Lá temos de tudo, desde vídeos caseiros, flagras de paparazzos, clipes, propagandas, episódios de programas, etc. Não necessitamos mais nos dobrar ao horário da televisão para vermos o que é produzido sem em termos de que mídia e formato.
Não é nada raro hoje em dia acessar sua conta de e-mail e ver que um amigo lhe enviou um link de um vídeo no dito website. Alguns se apressam em dizer rapidamente que a vida ficou mais livre, temos mais liberdade para saber o que se passa no mundo. Que podemos agora livremente produzir e compartilhar o que quisermos e finalmente estamos livres da imposição dos mídias poderosos e controladores da informação.
Esses meios anteriormente filtravam a qualidade dos programas exibidos, pois uma rede aberta e nacional tem que agradar a um nordestino pobre, um sulista tradicional, um ricaço centrista, etc. O programa tem que ser tal que agrupe o mínimo necessário para agradar a todos os prováveis telespectadores. E assim muitas vezes podendo cometer equívocos, pois o gosto de maneira alguma é algo generalizado. E com essa atitude pasteurizando o “gosto” popular com uma coisa rasa e indispensável.
Agora com as novas tecnologias informacionais qualquer computador com uma conexão à internet é capaz de assistir o que desejar. Assinantes do Globo.com podem ver os programas que quiserem no horário que desejarem, por exemplo. A nova mania dos internautas jovens é fazer o download de episódios das séries preferidas que passam com atraso em relação aos canais americanos, canais esses fechados. E assim se configura uma nova maneira de se entreter. Você pode escolher o que vai ver.
Alguns acham isso a última fronteira contra a imposição da informação. Eles acham, eu vejo um pequeno problema que se afigura com essa ascensão da “liberdade” de assistir o que quisermos.
Simplesmente com uma super produção de mídias em multi formatos não teremos balisas viáveis para filtrar tudo o que for produzido e assim configurando um caos primário no que veremos. Logo após esse caos da hiper concentração de vídeos produzidos e a expansão da internet para mais e mais pessoas cada dia que passa temos um conceito que acaba de ir abaixo, liberdade sem balisas é caos.
Rumamos, com esse quadro para uma imposição da maioria. A maioria decidirá o que vamos assistir e o resto da produção vai ficar relegada a um mísero espaço e uma mísera divulgação, assim como afigura-se hoje, mas com um pormenor; a decisão ficando a mercê da maioria vai privar a qualidade ou a popularidade?
Como sabemos a maioria, a massa, não priva muito pela qualidade do que assiste, preferindo vídeos escapistas e momentâneos que devem ser substituídos diariamente por novos vídeos e entraremos em um ciclo infinito da reposição diária do remédio homeopático videográfico. E é como vejo mais ou menos a coisa hoje.
Hoje há muitos vídeos sendo veiculados que são recordações do passado. Quase um alívio porque agora podemos rever coisas que estavam fadadas ao esquecimento, mas só revê, só acha cool, só encontra ali alguma identificação quem viveu aquela época, quem se reconhece naquela antiguidade. Como os adolescentes de hoje acham os filmes mudos, preto e branco como coisas a serem queimadas e sem sentido, quando temos como colori-los digitalmente ou temos remakes cheios de qualidade e efeitos especiais.
O Youtube veio para coroar essa aberração real da maioria. Essa preferência majoritariamente deturpada do gosto massificado e pasteurizado. Como principais vídeos desse site temos vídeos de clipes de música da moda, coisas engraçadas, pessoas se machucando (as famosas videocassetadas), e demais coisas “interessantes” que no fundo se configuram como o escapismo final a que as pessoas escolhem, dessa vez voluntariamente, ver.
Aqui a opinião da massa se manifesta de forma determinante para coagir a produção e distribuição dos vídeos. Assemelhando-se a indústria cinematográfica que produz zilhões de filmes medianos e péssimos, mas ganha pela quantidade deles, e o espectador pode “escolher” o que ver, basta não ir, mas vão. Mas voluntariamente consagram sua mediocridade. E assim o Youtube pega esse filão, mas não publicamente, ele atinge a cada um dentro de sua própria residência, deixando aquele que o acessa escolher conscientemente sua mediocridade. Que mais virá por aí?