SÓ ACONTECE COMIGO !!!

SÓ ACONTECE COMIGO !!!

O titulo desse protesto, digo, artigo, não nasceu por acaso. Tem uma origem curiosa, o fato de que famoso -- mais pelo sobrenome do que pela produção na época -- compositor de Belém extraviara uma fita cassette minha com dúzia e meia de belas canções de um velho caboclo vigiense, que eu lhe emprestara durante um curso de expressão corporal realizado no CENTUR, no início de 1989, salvo engano. (Rabisquei um irado texto com esse jocoso título no jornal DIÁRIO DO PARÁ, com trechos de 2 ou 3 carimbós de "seu Botão", na realidade Manoel da Vera Cruz Monteiro.)

Conosco no tal Curso a nata dos cantores de MPP - música popular paraense, inclusive os "cabeças" de um "futuro Boizinho" de renome na capital, espécie de "Medusa" a incorporar como "folclore junino" qualquer coisa com algum apelo. Até meados de 1994 não se via esse grupo em lugar algum, nem mesmo no CENTUR... exceto em um ou outro domingo de manhã no palco do TWH, na Praça da República, com ingressos caros para o bolso do povo e pouquíssima platéia.

Eis que, desafiando a "segurança" da Praça -- nessa "democracia de m..." que vigora no país -- meia dúzia de jovens "hare krishnas" passou a desfilar na marra pelo estreito corredor entre as dezenas de barracas de comida (doces, etc), artesanato e mais comidas na já famosa Feira de Artesanato, na época com quase dez anos de existência. De "saias" amarelas e muita alegria, o bando musical terminava seu barulhento "carnaval" religioso na escadaria do anfiteatro da Praça. Os "técnicos" culturais do "arraiá" só fizeram COPIAR os perseguidos jovens de cabeça raspada e, num belo dia, surgiram dentro da praça com um "cortejo" de 15 ou 20 meninos do povo com tambores de barrica nas mãos (e fome nos olhos), além de um BOIZINHO vermelho de palmo e meio, "espetado" (?!) numa vara de metro e pouco. O resto da história todos na capital conhecem... além de outras "estórias" que só engole quem não viveu diariamente no CENTUR (como eu) entre 1987 e 1995, ou não passa de um bajulador barato, como tantos por aí.

Entre as coisas que só acontecem comigo, uma tem o "neném de Itu" que encabeça esse "Boi" -- que vira baleia, pássaro, cobra ou só Deus sabe o quê mais! -- como personagem central. Levando artistas da periferia de Belém para os palcos da capital desde meados de 1988, precisei em novembro de 1990 de teclado e tumbadora, para nosso show de estréia no TWH -Teatro Waldemar Henrique, o "Aquarela de Belém". Consultado no MIS-Museu da Imagem e do Som, do qual era diretor, o jovem cantor (JMS) não opoz nenhum empecilho para nos emprestar os instrumentos. Só depois passou a me "cozinhar" e, ao ligar pela manhã para sua casa no dia do show, atendeu-me a mãe dele:

-- É aquele rapaz de novo, filho!", quase implora a venerável senhora.

--"Diga que não estou!", berra da cama macia o sujeito que, anos depois, enquanto "quase Secretário" da SECULT, teria que "se explicar" pelo estranho "sumiço" (por apenas 48 horas) da renda inteira de um megashow junino na área de estacionamento do "Mangueirão".

Meu texto não pretende falar de folclore, a vida real tem mais "encantos" e desencantos... e me vi surpreendido, dia desses, por uma faceta da CEF, a famosa Caixa, que eu não conhecia. Parece-me que em Ananindeua (PA), "deserto de quase tudo", nem os Bancos prestam. A agência central da CEF atende um Município que vai de 240 MIL habitantes a até MEIO MILHÃO, dependendo das estatísticas, do Prefeito, da época eleitoral, arrecadação fiscal, Políticas, politicagem, etc.

Sou arredio a multidões, não gosto de Bancos e detesto principalmente os estatais. Essas empresas, inconscientes da noção que é o suado dinheiro do povo brasileiro que as mantém e engrandece, têm por "norma" o pior atendimento entre todos, além dos maiores gastos com propaganda oficial. Afirmo sem medo de errar que apenas a verba de marketing dos 2 megabancos federais possibilitaria construir CEM MIL CASAS populares a cada ano, dadas para o povo sem prejuízos aos Bancos. Somente o que a CEF "torra" em posters, folhetos, banners, etc apenas para promover eventos lotéricos beira com certeza MEIO BILHÃO de reais.

Tive 3 ou 4 cadernetas de poupança quando jovem, a primeira delas exatamente da CEF (do Paraná, "caderneta popular" nº 10.014) aberta em meados de 1965. Minha mãe, Apolônia, teve só uma durante todos os seus 92 anos, também da Caixa, "depósito popular" nº 774.857) aberta no inicio de 1950, eu não era nem nascido ainda. Em todas, um só senão: por falta de movimentação meus créditos sumiram, "evaporaram", usados para comprar material de limpeza ou para suprir as "escapadelas" de um gerente mais afoito. Já os "créditos do Banco" (vulgo débitos, para nós clientes) dão saltos de canguru e, com a agilidade de um Diego Hypólito, galgam a estratosfera. Jamais entendi essa "matemática"... que nada tem de financeira!

Mas, dizia eu, dia desses tive que entrar num banco, justamente na Caixa ananin, para ser mais claro. As Lotéricas do país inteiro "são agências bancárias da CEF, conforme decreto do BC", declara um desses folhetos de propaganda institucional que a Caixa produz às toneladas. Até 800 reais as apostas premiadas são pagas nelas... a partir daí temos que procurar os Bancos "por causa do IR", explicou-me um gerente da agência onde fui penar, nesse vale de lágrimas que esta região (e o país) por vezes se torna.

Até onde sei, declaração do IR só faz quem ganha mais de 10 ou 15 MIL reais no ano... e o IR do meu prêmio é descontado automaticamente. Portanto, qualquer Lotérica poderia (ou deveria?!) quitar prêmios com valores semelhantes sem problemas, já que são... bancos.

Fui ao Banco depois do almoço, estaria mais vazio, pensei. Ledo engano: às 13 horas a agência estava mais lotada do que nunca, a fila para informações com perto de 60 ou mais pessoas e só uma atendente de 20 e poucos anos. Recorri a 2 engravatados que circulavam pelo salão de gente pobre, enormes crachás no peito. Nada entendiam de prêmios... dirigiram-se a uma mesa interna e voltaram dizendo que até 1000 reais se podia receber em qualquer Lotérica.

Minha aposta era AO PORTADOR (sem assinatura atrás) e supuz que funcionava como um cheque. Enganei-me, a solução estava no andar de cima, praticamente vazio. Um certo Fernando (ou Roberto) atendeu-me, "ameaçando" levar meu bilhete não sei pra onde. (No Pará... tudo é possível!) Sem a carteira de identidade no momento, levei certificado de reservista e o antigo titulo de eleitor, ambos com foto, além de 2 documentos de CPF, o moderno praticamente ilegível (devido a mais de 30 anos de uso) e o provisório, de 1981, novo e intacto.

O sujeito recusou todos... apresentei xerox plastificada da identidade extraviada, bastante maltratada. Nada feito! Procurei o gerente geral, que mal se moveu da cadeira. Voltei ao subgerente... "êle não iria se prejudicar" (?!) me liberando os 1.300 e poucos reais, apesar de eu ter INSCRIÇÃO (de FGTS) naquele Banco, meu Cartão de "Cidadão" (as aspas são por minha conta) ter sido tirado exatamente naquela agência (em 1997?) e todos os meus dados, inclusive endereço, constarem no cadastro interno daquela CEF.

Acho irônico o intenso marketing da Caixa para nos tornar clientes. Consultei o gerente geral sobre como abrir uma conta popular: "era só com as Lotéricas", respondeu-me sem pestanejar, Perguntei-lhe sobre o X-CAP, espécie de "telesena" da CEF... também era só com as Lotéricas. Dias depois, já com o dinheiro na mão, tentei abrir uma conta. Numa Lotérica não havia formulários, na outra o processo "estava suspenso". Afinal, como ser realmente cidadão numa "democracia" onde você só tem (algum) valor no período das eleições?

Em extensa carta ao recém-eleito Luís Inácio da Silva (em nov. 2002?) -- aos cuidados dos Correios de S. Bernardo/SP -- propuz-lhe que colocasse seu nome na História: 1) acabando de vez com aquela "palhaçada" de obrigar o trabalhador a renovar seu CPF todos os anos, e 2) extinguindo o voto obrigatório. Em minha opinião LULA tornou-se "presidente-maravilha" graças a uma marketing bem construído. Não consigo ver o tal progresso proporcionado por êle em nenhum campo da Sociedade nacional. O vale-gás de Sarney (e FHC?) abrangia um número muito maior de famílias realmente pobres do que essa "Bolsa" -- em boa parte do país politiqueira -- que não atinge favelas nem baixadas, barracos em manguezais e palafitas nos riachos das capitais. O pobre que vota no PT não virou "crasse médja" graças a Lula... na verdade, êle diminuiu o número de filhos, só casa depois dos 30 anos, mora com os pais enquanto pode, marido e esposa trabalham, por vezes em 2 ocupações cada um. Cortaram cinema e lazeres, não saem de férias e compram tudo "do mais barato", "negócio da China" quase sempre.

Madame Dilma pode re-pôr seu nome na História -- mulher no Poder o Brasil teve quase 1 dúzia (Zélia Cardoso que o diga!) e, a meu ver, nenhuma valeu a pena -- extinguindo de vez o voto obrigatório no país... ou, pelo menos, acabando com as sanções ILEGAIS e inconstitucionais contra quem não quer votar, nem mesmo obrigado, nessa "democracia" que o poeta de Belém Rufino Almeida diz existir no Brasil. A toda hora, leis e decretos são impostos ao povo inteiro, sem que ninguém seja consultado... alguém ainda se lembra do "kit pronto-socorro" nos automóveis?

É deprimente ver a CEF-Caixa "se fingir de morta" quando o assunto é DEVOLVER ao povo o que lhes foi surripiado por Governos, planos de "inflação zero" e "ministros" que brincam de administrar a Nação. Com um cadastro imenso de quase todos os trabalhadores do país -- boa parte inscritos no tal PIS e "contactados" por ela 1 mês por ano -- a CEF (o BB e o BC, também) poderia quitar com os legítimos donos o ressarcimento de "planos" mal nascidos de tecnocratas insensíveis como... como um Delfim Neto, um Simonsen, um Bresser, a collorida Zélia ou esse inconfiável Mântega. A Caixa, porém, prefere fingir que nada tem com os casos, embora esteja de posse dos valores (saldos do FAT?) ligados aos Planos.

Através dos TREs em cada Estado seria fácil localizar praticamente todos os espoliados pelos Planos, além dos clientes de Bancos falidos, cujos depósitos acabaram nas mãos (e nos cofres) de outros bancos, que também faliram. Meu irmão e eu tivemos nossos FGTS postados em mais de 15 Bancos (Bandeirantes / Nacional / Econômico / BEG (depois BANERJ) / Europeu / Boavista / Bamerindus / Francês e Brasileiro / BEMGE / Cidade de SP / Real, entre outros) e a maioria faliu, levando nossos créditos com êles.

Mas, voltando ao começo da estória, recebi meu prêmio lotérico através de um amigo. Decidido a tirar nova carteira de identidade acessei o site da Polícia Civil do Pará. "Ficou mais fácil tirar a carteira", diz a propaganda oficial. Não para mim... após 2 dias na WEB sem sucesso, pedi ajuda ao dono da Lanhouse. Confirmou minha inscrição em 50 minutos (não me disse como!) porém nada sabia (?!) sobre o documento (DAE avulso) para a quitação da taxa obrigatória. O site da PC poderia nos enviar diretamente ao link que produz o tal papel. Prefere nos mandar para a "home" da Fazenda estadual, cujo número do doc (14028) nãoconfere com o dado pela PC (1402), além de nos exigir apor no tal DAE avulso as datas (?!) de vencimento e de pagamento da taxa.

O "calvário" não termina aí... podendo nos dar logo a SENHA (e hora) para o dia aprazado, o email da PC exige que se esteja no local antes das 7,30hs (embora o atendimento vá até às 14hs) e recusa uma tal de "foto digital" que, de acordo com as 4 lojas de meu bairro que procurei, só não serve para PASSAPORTE. Por fim, desisti de fazer a carteira de identidade, continuo "meio cidadão" num país em que os patifes circulam faceiros com 3 ou 4 documentos iguais. A distribuição de senhas no local é um mau sinal... meu irmão passou semana e meia indo a um posto de saúde de madrugada (em 2000 e tal) para conseguir senha para o dentista. Mesmo quando era o 3º ou 4º da fila não recebia número, com o argumento de que os demais "reservaram" lugar na tarde do dia anterior. Mas, na época das eleições, passou a "chover" fichas (acompanhadas de um "santinho") e todos eram atendidos.

A PC paraense pode contribuir com o cidadão que quer manter seu emprego, facilitando a vida do trabalhador que irá fazer a carteira de identidade ou outro documento, ao lhe destinar senha E HORA aproximada para o atendimento. Do contrário receio ter que disputar com "flanelinhas" e oportunistas "dormindo na fila" uma senha legitimamente minha. O discurso de mudança não pode sustentar um "modelo" de atendimento que só prejudica quem precisa do Estado, por qualquer motivo. E haja Democracia... ao menos para se criticar, sem se ser retaliado por isso!

CINCINATO PALMAS AZEVEDO

(Ananindeua, PARÁ)