O grande presente
Conhece o grande presente? Li, certa vez, a história do grande presente. Presente consiste em algo que nos é dado sem esperarmos, sem termos direito de escolha (em muitos casos), mas há casos em que podemos escolher. Enfim, presente é dádiva de alguém para outro.
Voltemos à história do grande presente. Tal história me revelou o fato de que tudo que nos for dado é presente, mesmo sem se tratar de algo ruim. Porém entra em jogo aí a posição do agraciado. O presente só será dado se o outro o aceitar.
A grande reflexão acerca do presente é que se o possível presenteado se recusar a receber o que lhe foi dado o ciclo do presente será cortado imediatamente e a função de fazer parte da vida de outrem não se cumpre.
Pois bem, se o presente for algo aprazível, é óbvio saber que o outro abrirá a mão e receberá aquilo que lhe foi entregue. A posse do bem salta do ambiente do primeiro ser e se acomoda na vida do segundo.
Todavia, se o “presente” não for algo cobiçado, desejado ou pelo menos bom, o receptor deve ser gentil suficiente para recusá-lo, pois receber algo que não me agrada é cruel demais.
Há quem possa discordar de minhas ideias e dizer que devemos ser “educados” e não recusar aquilo que foi previamente preparado para nós. Cretinice!
Devemos ignorar os presentes que não se encaixam em nossa vida, ou aqueles que não queremos administrar nos dias subsequentes. Se alguém nos presenteia com mágoas, ressentimentos, dores, opiniões negativas, é bom que não recebamos. Se nos trazem grosserias, indelicadezas, é melhor não recebê-las.
Tais sentimentos são presentes? Sim. Devemos considerá-los assim e também nos permitir recusá-los. E o mais importante é a grande descoberta que fiz com esse texto: se eu não receber o presente, a posse dele continua com aquele que o preparou.
O fato de não admitirmos, para a própria vida, aquilo que os outros trazem embrulhado revela que nos conservemos curados e imunes a presentes desastrosos.
Não se pode receber algo que manche o primeiro e grande presente : a vida.