O ENCANTO DE SEREIA
 
   Ah! Como somos bobos! Basta um olhar angelical, uma lágrima solitária, um sorriso tímido e nossos corações viram manteiga que se derrete ao primeiro sinal de calor.
 
   Que machismo que nada! Não conheço homem com coração de pedra. Todos nós homens temos um pouco de sensibilidade, nem que seja uma percentagem mínima, aquela do lado feminino que alguns se recusam a aceitar que possuem.
 
   Por mais que não aceite, homem nenhum jamais deixou de se enternecer com o choro de uma mulher, com a doçura de sua voz, com o murmurar macio quando quer alguma coisa, com a manha de seduzir para conseguir o que quer.
 
   Somos todos crianças e vulneráveis ao inegável talento da mulher de saber seduzir. Que sexo fraco que nada! Sexo fraco é o masculino que acaba cedendo aos caprichos femininos, enfeitiçado pelos seus encantos.
 
   Qual homem não se deixa hipnotizar pela bela visão de uma mulher à sua frente? Celulites? Que nada! Isto não é obstáculo para se conquistar um homem. Como diz o Jabor, celulite quer dizer gostosa em braile. Basta o homem fechar os olhos, tocar nelas e senti-las como um deficiente visual fazendo leitura com o toque dos dedos.
 
   Conheço quem diz não mais já querendo dizer sim sob a insistência da mulher quando quer algo. Não tem como recusar. Ou cede ou fica a ver navios.  E qual homem quer ficar sem uma companhia feminina? Às vezes são tão complicadas, tão difíceis que acabam desestimulando a conquista. Porém, perseverante que é e eterno carente, o homem acaba insistindo e a coisa descamba para o condicional, ao que o macho sempre acaba cedendo.
 
   Quem nunca viu um gato – ou uma gata quando quer alguma coisa: fica com a cauda em riste e esfregando-se nas pernas do suposto cedente dos seus caprichos. E não necessariamente precisa ser seu dono. Basta que exista a possibilidade da realização do seu intento. Penso que a mulher é um felino – ou felina disfarçada de ser humano. Sempre que quer algo, invariavelmente se derrama em afetividade e carinho. São as principais armas de sua sedução para conseguir o que quer.
 
   Confesso que sou um desses bobos. Não sei dizer não. Basta me olhar com olhos de candura, com um sorriso doce daqueles que se estendem pelos cantos da boca, às vezes até formando covinhas, e pronto: Me ganha. Mecanicamente, como se fosse um robô submisso, apresso-me a realizar os seus desejos.
 
   Se não quer ser enfeitiçado por uma mulher, não lhe olhe nos olhos, pois deles saem fachos invisíveis de encantamento que o tornará para sempre encantado por aqueles olhos. Se não quer tornar-se escravo de seus caprichos, evitem inspirar o seu perfume, pois ele contém uma substância terrível capaz de aprisioná-lo com grilhões dos quais se torna muito difícil se libertar.
 
   Evite o toque dos seus lábios em qualquer parte do corpo de uma mulher, pois dele exala um odor capaz de acorrentá-lo para sempre como a um cão servil. Lembre-se sempre da fábula do canto da sereia, que encantava os marinheiros, que, enfeitiçados pelo canto, direcionavam suas embarcações aproximando-se das pedras de onde vinha a voz e acabavam naufragando.
 
   Assim somos nós, bobos homens, eternamente encantados pela beleza feminina. Somos assim, crianças inconseqüentes e sem noção do perigo que é a adorável sensação de amar a uma mulher.
 
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Cônsul POETAS DELMUNDO – Niterói – RJ
Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 26/04/2011
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