É fácil desejar felicidade?
Desejar felicidade é muito fácil. Você abre a boca, encontra alguém e diz: Felicidade.
Isso acontece na vida, nos atos religiosos, em dias de feriado para todos como se todos partilhassem as mesmas ideias, situações ou credo. Feliz dia do amigo, feliz natal, feliz aniversário, feliz páscoa.
Feliz, feliz, feliz...
O ato até parece mecânico e soa como obrigação. As pessoas se sentem obrigadas a repetições, a gestos que poderiam ser naturais, gentis, nascidos do ou no coração. Desejo a você o que está cheio em mim. Pronto. Sem obrigação, falsidade ou mecânica.
A felicidade precisa respirar em quem a deseja a outro. Ser sopro e se fazer vento envolvente num processo de interação constante. Não apenas em momentos de segundos desejados, não. Ser algo concreto, vivo, animado. Está presente no olhar, na expressão, na mão que aperta outra mão ou no som da voz ouvida de longe, do outro lado de um outro canal de comunicação: celular, convencional, televisão, música... A humanidade agradece e espera por gestos como esse.
Desejar felicidade é fácil, acredite, a verdadeira felicidade inerente ao ser, adormecida, escondida e que pode ser acordada a todo instante. Aquela que faz o ser ser mais ser, que move o que parece rochoso e impossível, a energia pulsante movedora da realização alheia. É uma questão de treino diário, constante. De acreditar num mundo mais cheio de graça e gratidão, é isso, a felicidade nascida no coração e materializada na ação do bem comum, diário. Um ato de amizade, amor, celebração da vida.
Quantas pessoas não necessitam disto, já parou para pensar? As vezes você convive com alguém dia após dia e nem percebe que pode fazer a diferença na simples possibilidade de desejar que a outra pessoa seja feliz, tenha uma dia feliz, ou encontre a felicidade na ação desenvolvida seguinte.
Não se pode fingir e achar que o fingimento fará a diferença, não, não é assim. Fale, diga, deseje, mas não deixe que o outro perceba que ela não está em você, que você não a sente ou mesmo está simplesmente cumprindo um ritual.
Desde sempre foi do homem esses gestos de afeto. Com o passar do tempo e a evolução tecnológica que se perdeu junto com o bom senso e com o bom entendimento entre seres pertencentes ao mesmo grupo de convívio.
Parece um exercício difícil, mas não é. Experimente.
Se perceba e se veja diante do espelho. Olhe para si e em si. Sorria, se toque, encare a si mesmo. Depois deseje a você toda a felicidade do mundo, toda, mas não a guarde somente para uso individual. Faça de sua felicidade a felicidade daqueles que estão ao seu redor. Isso mesmo. Seja o canal irradiador da felicidade constante e necessária para fazer com você os outros felizes.
É muito fácil desejar felicidade, concorda?
A felicidade enlata de datas comemorativas, aquela que se espera algo em troca, fingida, maquiada, plástica. A felicidade efêmera que não se cria laços, não se incita elos, não se cativa corações e desejos mútuos. A felicidade que estanca na troca, no momento, na data.
Esse tipo de felicidade não serve para a construção de seres humanizados. É fruto do capital, da demanda, da ocasião e se vai ao vento como sopro dado ao lado oposto da direção do vento.