Sobre Joaninhas
Queríamos chamá-la de Vitória; outro nome se apresentou: Jurema!
Tentamos montar o seu quarto com imagens de indiazinhas, floresta e árvores; outro símbolo se apresentou: o quarto do bebê encheu-se de joaninhas!
Nossa filha ainda nem nasceu e já mostra a sua personalidade, os seus gostos e que, não importa o quanto tentarmos, não conseguiremos que ela seja uma miniatura das nossas expectativas ou dos nossos anseios: filhos são universos em si mesmos!
Porém, minha esposa duvidou, eu tive minhas perguntas; e decidimos colocar à prova nossa teoria que o mundo a nossa volta mostra o tempo todo sinais da "Terra que É além do tempo"; lugar esse, onde nossa filha ainda está, de certa forma, emergida. Fomos para a natureza, para o interior, e se tudo realmente fosse como imaginávamos, a nossa Jureminha mandaria suas joaninhas.
Encontramos uma cachoeira, mata verde e esperamos o dia todo e nada. Voltamos para casa. Eu com as minhas teorias que o mundo é sempre uma representação das coisas que queremos ver como símbolos; Auri em seu silêncio não dizia nada.
A noite chegou, o sono pesou e antes que fossemos para o quarto dormir, Auri começou a gritar: FRANK! FRANK!
Saí correndo de onde eu estava, imagens de contrações e bebês nascendo inundaram a minha mente, mas ao invés de encontrar minha esposa gemendo ou algo parecido, encontrei-a rindo:
- Fran, olha! - dizia ela, apontando o dedo para o sofá, onde vi uma joaninha, vestida de vermelho e preto; escalando as almofadas.
Não precisávamos dizer mais nada. Jureminha dizia por si só...