A impressão é que fica
Imprimir é dever de ofício da imprensa gráfica convencional sobre o mundo virtual propriamente dito. Publiquei algo assim e os anunciantes eram da luta contra o desmatamento. O livro e o jornal passaram de heróis a vilões do meio ambiente. A relação direta entre livro e desmatamento nasceu como desculpa favorável a manutenção das coisas como estão no tempo virtual. O “I-pad” de matéria plástica vem aí, sendo útil desmoralizar ainda mais o velho livro como objeto insalubre. No Brasil as pessoas são capazes de abandonar a própria mulher para se autoafirmar como portadores de tecnologia moderna e rápida. “Somos infiéis implacáveis das novidades e tradicionais ao mesmo tempo”. (Primeira curiosidade do pós-tradicionalismo). O livro como vilão do desmatamento é piada que está no ar subjetivo, digamos assim. A internet é a transcendência piegas da razão atual enquanto modernidade. (Sublinhe-se). Isto é como transformar o cigarro alheio no motivo da tosse na rua entre o trafego intenso.
Rapidamente tornaram o livro em objeto ultrapassado, passivo de refugo, incômodo, pesado e poluente. Quem pensa assim esquece a leitura, esta sim, transcendência do livro. Sentimos uma espécie de transmigração da mídia apostando no poderio discriminador da internet contra o mercado do livro. Fruto da mídia interpessoal, alojada na mente vazia. A multidão que nunca foi muito chegadinha a eles, por razões até estruturais, agora acabou com a ideia de vez na rede. O grande gol. Chega de livros e professores. (Agora com homenagem tardia por todos os lados).
De minha parte era da seguinte opinião: a internet seria uma espécie de impulso processual para ampliação da impressão de livros, além do surgimento de autores inéditos de excelente qualidade. Pois os autores estão expostos a gratuidade das prateleiras virtuais dentro da multidão de “escritores” ou “digitadores” de livre expressão. Os melhores brilham como milho para galinhas catadoras de sucesso. Posso estar enganado, mas o que sentimos é uma espécie de fracasso gráfico em todas as áreas da vida intelectual nacional. A gratuidade da rede apaga qualquer vestígio de vínculo empregatício o que é um dano irreparável para milhares de profissionais desenhistas, grafistas exímios, e até mesmo escritores. Lembrando que ecritores de longada foram excluídos do catálogo da prosperidade financeira. Há dois ou três que enriqueceram, e se fizessem uma matéria sobre o caso; assunto entegue ao descaso intelectual, ficaria claro o quanto a Academia Brasileira de Letras sustenta o seu galardão com brilho e pompa. O resto é o resto, parafraseando o Barão: se metem a mão no bolso só tiram cinco dedos.
A verdade passou a objeto exclusivo da imprensa, a primeira crise de identidade intelectual dos bons tempos que ainda transcorrem. Espécie de ordem: escritores devem permanecer no campo da ficção. De fato a crise de um escritor é a mesma das escolas. Verdade: Estudar para ganhar dinheiro. Mentira: Para viver bem é preciso ganhar dinheiro para estudar. (Complexo para endoidecer). Hoje ofertam editoras aos escritores na mesma razão do caso: pague você mesmo o seu livro. O trabalho intelectual transformou-se em aparelho eletrodoméstico cuja importância diminuiu porque aumentou imensamente a oferta. Uma oferta altamente estanque porque não se tem uma rota disponível, um menu de endereços eletrônicos, um seletor para fluir os temas e assuntos. Temos o reles “buscar” que identifica vagamente o desejo de tornar a máquina útil, antes que alguém creia piamente no constante interesse profundo sobre algum tema disponível. Podemos dizer que existem bilhões de informações ocultas não disponíveis, contra milhares dispostas em dez páginas de atendimento. O que importa não é o conteúdo é a facilidade, a instantaneidade dos critérios.
O livro tornou-se o vilão das matas destruídas. A fumaça de plástico para construção de um reles “mouse” é outra história. Seguirá o conteúdo exposto vivendo dentro dos arquivos que será que será também o túmulo daquele tio escritor que morreu pobre, mas era gênio. (Se eu morrer quero que saibam que avalio em dez milhões tudo o que escrevi. Para título de sucessão aqui estão meus bens patrimoniais de cunho intelectual).
Livro é como fumante de rua no trânsito afogado pela fumaça. Fumaça expelida por tantos carros assassinos, potencialmente entregues a oferta de velocidade como prêmio produtivo aos heróis da riqueza. Todos com carteira de habilitação carimbada pelo departamento de trânsito, onde se aprende as lições com a palavra sorte da bizuca sempre na direção do lucro, deste modelo caríssimo, que devia perder ponto a cada acidente com morte até o fim completo da utilidade do departamento. Departamento incapaz de deter a carnificina das estradas. A leitura é a árvore no fogo da manobra toda que vira fumaça com o nome de desenvolvimento insustentável em torno da moda de um novo ciclo.
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