PRISÃO DOMICILIAR

Estou, mais ou menos em prisão domiciliar, convalescendo de uma doença. Descobri, de repente, que não valemos nada. A previdência, por exemplo, se recusou a me beneficiar com o auxílio-doença, já que sou aposentado e não poderia acumular “benefícios” apesar de estar contribuindo, compulsoriamente, sobre o máximo, pois continuo trabalhando há nove anos.

O funcionário do INSS me olhou e disse “moço, sou apenas um funcionário” e eu contive o meu ataque apoplético.

O fato é que a doença é séria e me botou de molho. O tratamento é demorado. Trata-se da doença de Gaucher, que é genética e que carreguei pela vida afora, sem sintomas, até os 62 anos. Depois, meu baço e fígado começaram a crescer e os médicos acharam que o meu problema era alcoólico. Cheguei a acreditar nisso, mas depois de 2 anos sem beber e diante da piora do quadro, vi que o caso era mais sério.

Hoje faço tratamento no Hemorio, quimioterapia a cada 15 dias. Mas, na verdade, quero falar é dessa “coisa” moderna que vejo todos os dias, a TV a cabo. Pagamos uma nota e eles não se cansam de repetir a programação. Caramba, o “Legalmente loura” passa tantas vezes que deveria ter um canal exclusivo só para ele.

Depois, acabei me especializando em programas de culinária, que acho ótimos, mas que infelizmente, não poderei aplicar pois estou de dieta. Mas tenho os meus campeões, heróis para que nada é impossível.

Que inveja do fogão de lenha do Olivier, que vivacidade tem o Claude Troisgros, que esperteza tem o Jamie Oliver. De certa forma os admiro mais do que o Ronaldinho.

Torço para ficar bom logo para poder comer uma feijoada.