Quando o lápis deve sair do papel?
Até posso ser considerada uma mulher decidida na maioria das circunstâncias, mas há algo que não me faz assim por completo. Trata-se do lápis e do papel. Tenho tanto apreço aos dois que, inconscientemente, “casei-os” e penso que é uma união infinita.
Utilizo-me deles todos os dias. São meus companheiros em quaisquer lugares e deles me valho toda vez que penso em jogar palavras ao ar ou mesmo desenhar, quando não faço as duas ações ao mesmo tempo.
Mas aí é que reside o problema. Como são “casados”, tenho uma certa dificuldade em saber quando devem ter o seu espaço – sim, porque nos casamentos bem-sucedidos, cada um deve ter o seu espaço, a sua hora, o seu momento. Casamentos “grudados e dependentes”, na minha opinião, não dão certo.
Eis que estou com o lápis na mão direita e, com a esquerda, segurando o papel. Escrevo uma poesia. Sonho, relembro, penso palavras, vejo imagens e assim vou indo ...
E quando o lápis deve sair do papel?
Quando o poema deve ser finalizado?
Eis a triste questão. Sempre fica algo no ar.
Provavelmente pelo meu ímpeto de querer jogar naquele poema tudo, mas tudo mesmo que eu quero dizer. Errado!
Algumas coisas podem ser ditas em outras poesias, em outro momento. O mesmo acontece com meus desenhos. Jogo os lápis de cera em cima da mesa, pego o papel e começo a enlouquecer com as cores. O seu jogo me fascina, já que até mesmo um vermelho pode ficar bem ao lado de um azul, dependendo da tonalidade. Enlouqueço mais um pouco e, eis que de repente paro e penso: está poluído demais. Serei uma exagerada ou uma mulher afoita por esse casamento?
Não sei ... mas vou começar a analisar melhor o que tenho feito com os “meus companheiros” que, muitas vezes, devem enxergar-me como uma pessoa insana que os utiliza sem o menor pudor, especialmente porque esta insana simplesmente odeia qualquer extremo!
RR (16/04/2011)