MARLEY E EU


 

Meus filhos vieram passar os feriados aqui e ouvindo as histórias sobre meus embates com a cadelinha Pepê morreram de rir, disseram que estou ficando neurótica, que tenho medo dela, que é só educá-la, etc e tal. Pensam que é fácil...
 
Outro dia a nova empregada chegou e, é claro, Pepê pulou nela e sujou-lhe a roupa. No dia seguinte já estavam as duas numa boa. ‘Ela só pula quando a senhora está perto’, a moça comentou. Pois é, eu é que sou a neurótica, pensei...
 
O jardineiro foi cortar grama... um pedaço do fio da máquina estava roído! Fui usar a mangueira, abri a torneira e começou a chover, mas não era chuva, era água que saía por vários furos... Já perceberam por autoria de quem, não é?
 
Os filhos, para me consolar, trouxeram um filme do qual eu tinha ouvido falar por alto, mas não conhecia ao certo. Assistimos então a comovente história do Marley, o labrador que deu muito trabalho a seus donos, destruía tudo. Mil vezes pior do que a minha Pepê.
 
Não sei dizer se fiquei consolada ou conformada, pois a mensagem que pude captar foi aquela que eu já pressentia e nem tinha coragem de confessar: uma vez estabelecida a nossa relação com o cão, não tem volta. Principalmente se cuidamos dele desde pequeno. O amor interfere. Gostamos dele e ele gosta da gente, apesar de todos os pesares.
 
Agora é ter paciência de esperar que ela fique adulta, o que pelos meus cálculos ainda deve demorar cerca de um ano...







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