Os grandões não enxergam

Sun-Tzu num certo momento demonstra quando um general é ruim. Um dos cinco ítens apontados refere-se aquele general incapaz de suportar insultos, tornando-se colérico e agindo por impulso.

Quando jogamos xadrez estamos próximos também dessa lição. Esse negécoio de aproximar o xadrez da arte da guerra está mais para Sunt-zu do que para o jogo propriamente dito. Vejo no jogo a arte da paz como dois gatos brincando juntos no jardim ou mesmo quando os meninos se exercitam na luta, sem prejuízo, apenas como jogassem ping-pong.

Podemos dizer que existe algo de fabuloso, fantasioso, estético na combinação do chaturanga quando havia canoa, elefante, infante, vizir e ministro do vizir. Podia-se verificar a guerra naútica fuga pelo rio, visualizar o elefante virando a canoa ou sua trilha, que mais tarde se ampliou chegando a bispo na idade média.

Posso garantir qual é o pior jogador de xadrez que existe na face da terra. O pior jogador de xadrez é aquele que está jogando para destruir a autoestima do seu oponente. Este é péssimo, canalha, só vale para nos ensinar a tolerar as derrotas, reconhecendo o imbecil vencedor como pouco reverente as fragilidades humanas. Milhares de pessoas deixam de conhecer e desfrutar este sábio jogo porque encontraram pela frente um perfil de oponente que nasceu com o dom da destruição das potencialidades alheias.

Na verdade o xadrez é mais inteligente do que o homem. Inserido dentro da humanidade como acessório a inteligência. Não sabemos a origem. Ainda bem.

Confesso também que um campeão mundial pode realizar um péssimo jogo momentâneamente e perder, o que não lhe tira o mérito. O interessante e sublime está em suportar as variações sem menosprezar a capacidade do oponente. Xadrez também é a arte do respeito e que muitos vaidosos, muitos imbecis, mesmo com bons resultados, tentam destituir dos adversários. Essa grandeza vazia de humanidade está em todas as áreas. Os grandões não enxergam os pequenos e esse é o seu erro fatal. Derrota que vem da glória e da excelência oriunda do complexo de inferioridade.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 24/04/2011
Reeditado em 24/04/2011
Código do texto: T2927647
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