Maré de azar
 
            Escrevo com regularidade neste Recanto há muito tempo.
            Já li e fui comentado pelos mais conhecidos autores que aqui postam seus trabalhos. Mas ultimamente a coisa tem andado mal para o meu lado. Antes,  os resultados foram bem melhores.
            Contei o fato com um amigo que aqui também escreve. O conselho dele surpreendeu-me! “Coloque mais pimenta. Você só escreve coisa séria.”
            E lembrou um fato interessante. Não tenho vergonha nenhuma de revelar. Há muito site erótico na internet. O que estou me referindo é apenas de contos. Discutimos a qualidade dos textos, onde o português passa a segundo plano, mas a sexualidade que existe em todos nós é fortemente carregada nos tais contos. Disse que seria capaz de coisa bem melhor, e numa espécie de aposta, fui obrigado a fazer.
            Arranjei um bom pseudônimo e postei. Fiquei assustado. No primeiro dia, mais de mil leituras! Pensei com meus botões “aquele contador deve ter pifado”. No segundo dia, o número aumentou e no quinto eu era o primeiro da lista, coisa que não imaginei nunca. Para não me alongar. Os contos ficam postados durante vinte dias, perdendo a validade depois deste tempo, caso estejam em primeiro lugar. Quando retiraram o meu, contava com quase vinte e três mil leituras, ou seja, mais de mil leituras diárias durante vinte dias.
            Para confirmar, e por ter gostado de ser best-seller, tornei a escrever. O número de leituras aumentou bastante, talvez por eu ter alcançado a marca elevada no primeiro: meu nome falso estava conhecido.
            Só dois amigos sabem disso, e já me aconselharam que eu escrevesse para editar, seria um sucesso de vendas. Talvez fosse, mas o meu propósito não é este. Publiquei um romance sem nenhuma apelação. Autor novo e editora fraca, não obtive sucesso, mas pretendo reeditar em outra empresa. E já terminei o segundo.
            Para não me estender mais: dou uma ‘amaciada’ num dos contos, posto em “eróticos” aqui no Recanto, e aguardo os resultados. 
            Talvez seja a solução ideal para espantar a ave de mau agouro e com isso venha a ter muito mais leitores. Depois, volto a escrever o que gosto.   
           
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 23/04/2011
Reeditado em 23/04/2011
Código do texto: T2925840
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