O ARRANHA-CÉU

Eu comtemplo a cidade,

Majestosamente, aos meus pés,

Do terraço deste arranha-céu.

É um dia cinzento e chuvoso.

A chuva fina que cai,

Tira um pouco da beleza desta cidade.

Fazendo, com que, as pessoas

Corram de um lado para o outro.

Algumas delas tentam se proteger.

Das chuvas, das marquises dos arranhas-céus.

Eu observo, minunciosamente, aquelas pessoas

Qu não se comunicam umas com as outras.

Parecem tensas e preocupadas.

Não sorriem. Mal entreolham-se.

Eu sei que cada uma delas tem a sua história.

História do cotidiano urbano,

Nem sempre boa nem sempre má.

Onde os temas podem ser

Fantásticos, alegres, felizes ou tristes.

Como por exemplo: história de amor, um sonho realizado

Ou não realizado, uma esperança que ainda não morreu,

Uma casa própria ou talvez ter filhos e criá-los bem.

Cada pessoa lá embaixo é escravo de um sonho.

De um sonho de vida, criado por ela mesma.

E a chuva continua fina e chata

Caindo sobre a cidade.

De vez enquando uma brisa, gelada,

Passa por mi deixando-me arrepaido.

Mesmo tremendo de frio,

Teimosamente, eu permaneço

No terraço deste arranha-ceu

Observando as pessoas caminhando apressadamente.

Elas parecem-me tão pequenas

Que me sinto um gigante

Daqueles dos contos de fadas,

Bom e protetor de frágeis criaturas,

Para poder distribuir amor,

Solidariedade e um pouco de dignidade.

Eu estou deixando meu pensamento viajar.

E fantasio minhas idéias

Como se realmente fosse possível

Proteger aquelas criaturas sofridas.

Olho para o tempo e percebo

Que a chuva fina parou. Deu uma trégua.

As nuvens que faziam o dia ficar cinzento

Estavam se dissipando, lentamente,

Para que o sol pudesse arremessar

Seus raios sobre a cidade.

E eu noto que algumas pessoas

Desprotegem-se das marquises,

Caminhando ao longa das calçadas.

Elas, agora, observam as vitrines das lojas.

De repente olho para o meu relógio

E lembro-me que estou atrasado

Para dar início a minha labuta.

Desço às escadas correndo.

Meu local de trabalho

Fica no quinto andar deste arranha-céu.

Finalmente chego ao escritório.

- Bom dia a todos!

Meu chefe olhou-me e disse:

- Você não está um pouquinho atrasado?

E eu respondi:

- Sim estou: Foi a chuva!

Só então pércebo

Que eu também faço parte daquela cidade.

Daquelas pessoas sofridas

Que estavam sendo observadas por mim.

Do terraço deste arranha-céu.

Haroldo Franco

22/02/1992

Haroldo Franco
Enviado por Haroldo Franco em 22/04/2011
Código do texto: T2924419
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.