Vida e Conturbações
Tenho 17 anos e meu nome pouco interessa. Apresento-me como um anônimo, porque entendo que as ações explicam aquilo que sou e essas sim me identificam. Acho que tenho uma história para contar, sem saber por onde começar a mesma. Decidi há muito tempo que iria fazer algo impossível, mas logo recuei a este ímpeto, enfadado de tudo que já vivi sob o olhar injusto desta “grande” sociedade que me julga criança, inexperiente pela minha idade. Os reis foram proclamados aos 14 anos (Pedro II é um exemplo). Eu mereço, mas não tenho apreço.
Não seria por eles que faria isso, estou consciente do que falo e sei que estou atento a todos os tipos de sensibilidade, as poucas palavras que aqui deixo, levam certamente aos que leem a expressar que sou um mero demente, sem sequer conhecer um pouco do que eu sou ou mesmo do que me leva a agir a este sentido. Lá estão os castradores redutores, jovens de idade e velhos de espírito. Sinto-me chateado e sempre estou. Dizem-me: “Você é um revoltado da vida”, sim eu sou, mas contra que e contra quem? Vejo que todo mundo me mata com o olhar!
Há pouco tempo comecei a levantar o véu para estas questões que sempre me acompanharam. Alguns conseguem viver lado a lado com estas lutas, sou minimalista ao ponto de esquecer, eu felizmente não sou capaz, prefiro esta honestidade arrebatadora que me obriga a levitar nestes pensamentos e procurar incessantemente respostas para uma vida sem sentido. Isto se assemelha a desculpa, mas não é, e, aliás, nunca foi. Escrevo agora, quando anteriormente não fui ouvido, é uma forma de manter viva a minha existência, de dar devida importância do que sinto, não quero por outro lado culpar aqueles que em determinados momentos não se prepuseram a escutar.
Aprendo muito vagarosamente o conceito de integração, custam-me estas ideias pré - concedidas, sou contra estes fúteis colegas de escola, contra aqueles intitulados amigos, que logo se dissipam a necessidade de aceitação social. Talvez, como o meu pai me diz, em forma de negação, aprecio, ou melhor, deprecio aquilo que não gosto, sem saber o que realmente me interessa estes gostos de fato, não sabe dizer.
Bem, antes nem aquilo que verdadeiramente originava o meu estado, era capaz de declamar, talvez agora um passo em frente tenha sido dado, talvez percebesse que não sou caso único, pra dizer a verdade não me afetou, apesar de tudo que já ouvi, começando por: “O nosso problema tende a ser sempre o maior do mundo, quando não é”, estou ainda muito confuso para mim mesmo, fico esperando, parado, pregado nesse mundo “pequeno” tentando desenganar esta luta que tanto faço e não esquecendo que o importante é viver num mundo bem “tranquilo”, sem conturbações.
Texto criado em 09/12/2010 - Lido na útima aula de Português do 3° ano pela turma 3002 no CEJLL/ NAVE (Colégio Estadual José Leite Lopes/ Núcleo Avançado em Educação).