A PÁSCOA DE ANTIGAMENTE.
Desde as cinco da manhã estou aqui na sala de tv. Foi um presente ver o dia aparecer ensolarado e com um céu azul lindissimo.
A Maui continua sua caminhada, agora precisando de minhas mãos para tudo, beber água, se locomover. Mas, valente segue em frente, sem murmurar, aceitando com coragem aquilo que parece ser sua reta final.
Passeando os olhos pelas escrivininhas do recanto, vi muitas mensagens de Páscoa, o que me fez recordar dessa data em minha infância.
Como eu esperava pelo coelho!
Um mês antes já começava a juntar papel de bala e dos maços de cigarros da marca Continental, que meu avô e pai fumavam, para forrar a cestinha de vime, que seria o ninho para o coelho depositar meus preciosos ovos de chocolate.
Passava horas a cortar em tiras fininhas os papéis coloridos, para dar maior volume ao ninho.
E no domingo de Páscoa acordava como hoje, antes do romper do dia, afoita pra olhar os meus deliciosos presentes.
E nunca falhava, lá estavam eles, tamanho pequeno à médio, coloridos e cheios de surpresa, pois nunca se sabia o que os recheava, balas, bombons, de cores, gostos e tamanhos diversos. Eles eram sempre da marca Pan ou Dizioli, eu não conhecia outra.
Depois, com o ninho nas mãos saia triunfante para as ruas da vila, para mostrar meu troféu, e verificar se alguém havia ganho ovo maior que o meu.
Na hora do almoço chegavam os primos, e a alegria se completava.
Felizes foram aqueles domingos de Páscoa, onde dois ou três ovos, eram esperados com tamanha ansiedade, muitos preparativos e despertavam enorme alegria ao vê-los.
Hoje, tempos de tantas e tantas marcas de chocolate, mal acaba o carnaval e começamos ver ovos pendurados por todos os supermercados, essa magia parece que desapareceu.
Come-se chocolate quase que diariamente, lá na vila isso não acontecia, no armazém de meu avô, único por lá, não havia chocolate, então somente na páscoa nós os saboreávamos. Comprado em bairro distante, eles tinham um sabor delicioso, não pela qualidade, hoje sei bem disso, mas, pela espera e alegria com que o degustávamos.
Atualmente, nenhuma criança que conheço espera pelo domingo de Páscoa, com um ninho caprichosamente feito. O coitado do coelho, tem que deixar seus presentes em qualquer canto da casa.
Ah, mas me lembrei também, que nenhuma criança que conheço acredita na visita do coelho da páscoa empurrando seu carrinho repleto de ovos de chocolate.
Que pena, pra elas, não sabem o que estão perdendo!
Podem comer chocolates mais requintados, ganharem ovos muito maiores e bem embalados. Mas, nunca provarão da alegria da espera e da felicidade de reter nas mãos um ninho feito com uma cestinha de vime repleta de tirinhas de papéis coloridos.
(Foto da autora)
Desde as cinco da manhã estou aqui na sala de tv. Foi um presente ver o dia aparecer ensolarado e com um céu azul lindissimo.
A Maui continua sua caminhada, agora precisando de minhas mãos para tudo, beber água, se locomover. Mas, valente segue em frente, sem murmurar, aceitando com coragem aquilo que parece ser sua reta final.
Passeando os olhos pelas escrivininhas do recanto, vi muitas mensagens de Páscoa, o que me fez recordar dessa data em minha infância.
Como eu esperava pelo coelho!
Um mês antes já começava a juntar papel de bala e dos maços de cigarros da marca Continental, que meu avô e pai fumavam, para forrar a cestinha de vime, que seria o ninho para o coelho depositar meus preciosos ovos de chocolate.
Passava horas a cortar em tiras fininhas os papéis coloridos, para dar maior volume ao ninho.
E no domingo de Páscoa acordava como hoje, antes do romper do dia, afoita pra olhar os meus deliciosos presentes.
E nunca falhava, lá estavam eles, tamanho pequeno à médio, coloridos e cheios de surpresa, pois nunca se sabia o que os recheava, balas, bombons, de cores, gostos e tamanhos diversos. Eles eram sempre da marca Pan ou Dizioli, eu não conhecia outra.
Depois, com o ninho nas mãos saia triunfante para as ruas da vila, para mostrar meu troféu, e verificar se alguém havia ganho ovo maior que o meu.
Na hora do almoço chegavam os primos, e a alegria se completava.
Felizes foram aqueles domingos de Páscoa, onde dois ou três ovos, eram esperados com tamanha ansiedade, muitos preparativos e despertavam enorme alegria ao vê-los.
Hoje, tempos de tantas e tantas marcas de chocolate, mal acaba o carnaval e começamos ver ovos pendurados por todos os supermercados, essa magia parece que desapareceu.
Come-se chocolate quase que diariamente, lá na vila isso não acontecia, no armazém de meu avô, único por lá, não havia chocolate, então somente na páscoa nós os saboreávamos. Comprado em bairro distante, eles tinham um sabor delicioso, não pela qualidade, hoje sei bem disso, mas, pela espera e alegria com que o degustávamos.
Atualmente, nenhuma criança que conheço espera pelo domingo de Páscoa, com um ninho caprichosamente feito. O coitado do coelho, tem que deixar seus presentes em qualquer canto da casa.
Ah, mas me lembrei também, que nenhuma criança que conheço acredita na visita do coelho da páscoa empurrando seu carrinho repleto de ovos de chocolate.
Que pena, pra elas, não sabem o que estão perdendo!
Podem comer chocolates mais requintados, ganharem ovos muito maiores e bem embalados. Mas, nunca provarão da alegria da espera e da felicidade de reter nas mãos um ninho feito com uma cestinha de vime repleta de tirinhas de papéis coloridos.
(Foto da autora)