PÉ DE CHINELO
 


 
Minha cadelinha Pepê, ‘criança’ tamanho GG – quando quer me ‘abraçar’  alcança meus ombros - ainda tem me dado bastante trabalho, pois assim que me vê fica pulando na minha frente ou se enrosca nos meus pés impedindo-me de andar. Já fiz barulho com jornal, como me ensinaram, já lhe dei palmadinhas, mas de nada adiantou. Já andei fantasiada de ‘louca de penhoar’, já usei um rodinho de puxar água para espantá-la quando precisava sair de casa... ia até o portão brandindo o rodinho para afastá-la, depois o deixava encostado à mureta, para utilizá-lo na volta. Mas um dia, chegando carregada de compras, me esqueci dele. O rodinho ‘dormiu’ na rua umas duas noites... Tudo isso para ela é farra, pensa que estou querendo brincar! Hoje, por acaso, apelei para um outro expediente. Quando abri a porta de manhã, ela veio feito bala, prontinha para entrar na cozinha, o que seria um estrago e tanto. Lutamos por alguns instantes, eu a empurrá-la e ela a forçar a barra, de modo que eu não podia fechar a porta sem espremer-lhe a cabeça. Foi então que me lembrei do chinelo, descalcei-o e dei-lhe uma chinelada! Não muito forte, confesso. Milagre! Imediatamente ela saiu e ficou quieta do lado de fora, só olhando!
 
Depois de meses, consegui sair de casa e voltar várias vezes atravessando o jardim sem ser incomodada como antes. Com um pé de chinelo na mão...
 





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