Papo de botequim

Entendo que para ser responsável por um projeto, departamento, órgão, ou seja lá o que se assumir, o gestor deverá conhecer, senão melhor, pelo igual à quem mais conhece. Já que sou um leigo cidadão comum, tenho que me mancar e não cair na armadilha da crítica fácil, principalmente porque tenho profundo respeito pelas pessoas sobre quem recaem as responsabilidades. Por outro lado percebo que a maioria das críticas que se faz á gestão pública contém alguma virulência partidária e / ou ideológica que termina por comprometê-las. Além de tudo isso, passou por esses meus numerosos anos, os mais contraditórios exemplos de boa e má gestão; de surpreendentes feitos e de fragorosos fiascos. Porém, não tem como não comparar (para não falar: como não sentir na pele), as estrondosas, escandalosas necessidades por que passam nossas cidades. Nem vou falar de aeroportos porque está na moda falar deles (o que não quer dizer que não seja necessário). A rede viária e seus transportes caros e cruelmente dimensionados, as calamidades da assistência médica (ir a um hospital público de importância como uns 04 que tem aqui no grande Recife é uma aventura desconcertante para quem tem plano médico e nunca viu tamanha tragédia). Não há vozes suficientemente fortes para martelar nessas aberrações. Parece que as pessoas afetadas só reagem diante própria iminência de morte, quando, em desespero cometem desatinos nos plantões desses morredouros públicos. É como se quem está no poder soubesse de uma “verdade” que nós não sabemos: “A de que as massas não sentem”. Que podem ser tratadas ou destratadas e tanto faz. A impressão que dá é que quando um seguimento social “recebe” um benefício é porque é um nicho de eleitores a ser recrutado com a “benesse”. Tal como empresa que só se preocupa com a venda e depois deixa seus clientes ao deus dará, os gestores, normalmente e intrinsecamente comprometidos com partidos e caciques, visam seus interesses futuros e / ou dos chefes aos quais estão ligados.

São os mundos que existem orbitando o povo e se alimentando dele. Concordo (como não poderia?) que eles emanam do povo. Que surgem do seu seio, entretanto, historicamente, sempre pertenceram ao topo da pirâmide. (o que não justifica a indiferença, apenas poderia explicar).

O fato é que, pelo andar da carruagem, o Brasil chegará como já caminha célere, ao grupo dos mais ricos sem a correspondente responsabilidade pública.

Que nos salve a copa do mundo!