FORCA PARA A MENTIRA

FORCA PARA A MENTIRA

Doidivânia ajoelhou-se para orar, mas não por muito tempo, pois tinha muito o que fazer; teve de se apressar para ir trabalhar, pois tinha contas que em breve precisariam ser pagas. Assim que se ajoelhou, orou apressadamente. Levantou-se depressa dos seus joelhos, pois sua obrigação cristã fora feita, portanto sua alma podia descansar em paz.

Um édito fora proclamado pela rainha, EVANIKOVA PRIMEIRA: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá como prêmio o direito à vida; e, o direito de ir permitido. Se mentir será enforcado."

Estava constatado, as leis não tornam melhores as pessoas, elas deviam praticar certas coisas de forma a sintonizarem-se com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente; e, muitas vezes camufla a mentira.

Sem tempo, muita coisa a fazer, era sua constante reclamação, sem tempo para dar às almas necessitadas, mas por último o tempo, o tempo de morrer...

Doidivânia foi perante nosso senhor, entrou e ficou de olhos baixos, em suas mãos, DEUS tinha um livro, o livro da vida! ELE olhou em seu livro e disse-lhe:

- Eu depositei esperança; e tenho confiança em você. Agora vá e faça o que tem que ser feito!

E todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas vindas. Assim, Doidivania percorria os confins da terra, rejeitada e desprezada. Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou Perpéstuma, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido.

Juntas tentaram entrar no reino.

O acesso a cidade de Gorobixaba era feito por uma ponte, sobre a qual a rainha ordenou que fosse construída a forca da mentira. A rainha decidiu que poderia fazer com que as pessoas observassem a verdade. E o faria, ou não se chamava EVANIKOVA PRIMEIRA, rainha de Gorobixaba. Ela poderia fazê-las praticar a autenticidade.

- Muito bem, se estiver mentindo, enforquem!

Por todo o dia Doidivânia não teve tempo de espalhar uma palavra de alegria se quer; estava sem tempo de falar de DEUS aos amigos, seu receio era que os gorobixabenses rissem dela. Também pudera, só andava de alma nua. Nem a Perpéstuma, sua amiga de infância ela conseguia olhar no rosto.

Perpéstuma perguntou-lhe:

- Doidivânia, por que estás tão abatida?

- Não consigo encontrar meu nome, no livro da vida.

Perpéstuma vaticinou:

- Ah sim! Quando DEUS pensou em escrever não encontrou tempo.

Dentro da verdade aparente está a ordem: “quem disser mentira, enforquem!”

Mas há de se atentar para o termo “disser”, que é futuro; e, o futuro a DEUS pertence. E se DEUS é passado, presente e futuro. Tudo é verdade relativa.

Ainda bem que os homens gostam de verdades nuas! E o tempo não existe em Gorobixaba!

(janeiro/2011)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 20/04/2011
Reeditado em 20/04/2011
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