Cracolandia
Profissão Reporter 17/11/2010
Calado, vi pela TV
e tive a noção
de seu elevado poder
de destruição...
O homem dormindo feito bicho
sobre o lixo das ruas vazias
das vidas vadias e nuas
de qualquer esperança
sem sequer a lembrança
de quem se é
do que se é.
Embora de pé
já não é dono de si mesmo
não tem hora, nem sono, vive a esmo
vive mesmo? Cruzando as esquinas
da insanidade e do medo.
Sua fala sem sentido
é quase um grunhido
revela o domínio do vício
o indício de que o destino
não mais lhe pertence
somente talvez
as roupas que lhe cobrem o corpo
e que pouco escondem a nudez
de sua dor, de sua solidão.
Não tem familia, passado ou futuro
no rosto resta o desgosto
pedaços de memória, dispersos
como folhas soltas sem verso,
de um caderno que se perdeu na escuridão
de uma noite sem fim.
Via mãe que vê o filho voltando pra casa
que o olha sem graça
que não sabe se ri ou se chora e o abraça
só implora que não volte prá lá
prá cracolandia.
Vi naquele mar de loucura
uma ilha de lucidez
um pai procura sua filha
falando de amor e saudade
talvez já tarde
hoje, um não, dois, três
quem sabe outro dia tente outra vez
novamente salvá-la.
Naquele mundo
feito de restos e sombras
o reporter não cala
com indisfarçavel tristeza
capta cada gesto, imagem ou palavra
e seu olhar estrangeiro
guarda a certeza
de que tudo ali parece esquecido e derradeiro.
Profissão Reporter 17/11/2010
Calado, vi pela TV
e tive a noção
de seu elevado poder
de destruição...
O homem dormindo feito bicho
sobre o lixo das ruas vazias
das vidas vadias e nuas
de qualquer esperança
sem sequer a lembrança
de quem se é
do que se é.
Embora de pé
já não é dono de si mesmo
não tem hora, nem sono, vive a esmo
vive mesmo? Cruzando as esquinas
da insanidade e do medo.
Sua fala sem sentido
é quase um grunhido
revela o domínio do vício
o indício de que o destino
não mais lhe pertence
somente talvez
as roupas que lhe cobrem o corpo
e que pouco escondem a nudez
de sua dor, de sua solidão.
Não tem familia, passado ou futuro
no rosto resta o desgosto
pedaços de memória, dispersos
como folhas soltas sem verso,
de um caderno que se perdeu na escuridão
de uma noite sem fim.
Via mãe que vê o filho voltando pra casa
que o olha sem graça
que não sabe se ri ou se chora e o abraça
só implora que não volte prá lá
prá cracolandia.
Vi naquele mar de loucura
uma ilha de lucidez
um pai procura sua filha
falando de amor e saudade
talvez já tarde
hoje, um não, dois, três
quem sabe outro dia tente outra vez
novamente salvá-la.
Naquele mundo
feito de restos e sombras
o reporter não cala
com indisfarçavel tristeza
capta cada gesto, imagem ou palavra
e seu olhar estrangeiro
guarda a certeza
de que tudo ali parece esquecido e derradeiro.