Doze poses
Um dia o atual virará contemporâneo.
Chegamos a uma época onde o velho tradicional só dura alguns instantes, é o fim de uma era onde éramos donos de nós mesmos. Hoje, não somos mais donos, e sim, pertencemos, somos quase que prisioneiros do mundo e das coisas que insistimos em criar por necessidade, não temos mais direitos, temos vontades, mas estas dependem do desenrolar de algo que nós mesmos inventamos pra que seja sanada, e não estou falando de uma simples revelação de um filme de 12 poses, somos uma espécie moderna de escravos. Que saudade do contemporâneo, do doce gosto do contemporâneo, contemporâneo que quase deixa de ser história pra virar pré-história, estamos presos dentro de máquinas, nossas vidas existentes dentro de pequenas peças, páginas importantes das nossas existências contidas em pedaços de plásticos com metal, carregamos nós mesmos no bolso ou na carteira, nos esquecemos em cima da mesa, não somos mais nada, apenas conteúdo de memórias destrutíveis, se nos perdermos nos perdemos e é como se as paredes de nossas casas deixassem de existir. Não quero usar nada nem ninguém e nem falar do que não sei, ou falar porque não gosto de como as coisas estão acontecendo, não quero procurar culpados, se não posso encontrar a mim mesmo na boca de uma criança, e ainda porque não existe crime nenhum, também não quero ser o único a achar que esta busca pela destruição do tradicional pode ter sua importância, mas que gera uma insanidade eletrônica nas pessoas. Uma coisa é modernidade outra obsessão, as vezes parece que o mundo está pirado, ciente disto e satisfeito. Hoje, O Deus supremo é um super computador, doutrina religiosa é internet, fé? Só em CDs e pen drives, ritual é download de programas cada vez mais potentes de aprisionamento da mente humana, salas de bate papo são as melhores formas de conquistas ou de fazer amizades, facebook é bíblia, e o resto é cafona. Escrever um livro a lápis ou pena é pecado mortal (nossa! Pena! Fui longe!), comprar um cd em uma loja de músicas, eu disse cd? É contravenção, baixar pode, criar não, ler livros na praça virou caso de polícia, biblioteca é lan house, assistir a filmes em DVDs... eu disse DVDs? É falta de educação, moderno e elegante é ver pelo monitor de um computador. Mas que mal tem nisso tudo? Nenhum, pois computadores trouxeram mais prós do que contras. A sociedade endinheirada não pensa em mais nada além de algumas horas em frente a um PC, pra melhorar sua suposta cultura e sabedoria, inclusive eu, tirando a parte do “endinheirada”. Ok, sem hipocrisia... Eu também quero seguir a modernidade, mas não porque estou sendo obrigado a isso, quero acompanhar, mas com o direito de curtir o velho tradicional e contemporâneo sem ser criticado, ainda prefiro ir a mercados ou lojas físicas pra fazer minhas compras. Não quero que a cultura dos meus filhos e netos se baseie em fontes de eletrodos computadorizados, pois a vida é muito mais do que isso, ela também é gostosa sem isso. Pode ser que eu seja criticado por muitas ou algumas pessoas, então farei o possível pra tentar encontrar o pen drive que eu perdi ou deixei em algum lugar, onde colocarei um programa legal de efeito de voz pra falar para algumas pessoas ao meu redor...
“_Estou nem aí...”