Desventuras amorosas - Parte II
(continuação)
Não há respostas para essa questão, não tenho nenhuma carta escondida nas mangas do meu ser e não sei ao certo afirmar quando tudo isso começou. Lembro-me apenas de um sorriso arrebatador e do silenciar imponente a minha volta. Naquele momento, quando se dá o fim de “algo”, deu-se o início do que questionamos agora.
Como um grande filme de cinema, todos os movimentos ao redor cessaram. O som do ambiente diminuiu, enquanto uma fictícia trilha sonora iniciou-se. Não me recordo qual música tocou naquele instante. Não fez diferença, pois os centímetros que nos separavam não se deram conta de que não existiam mais. O insólito fez-se corriqueiro, banal, trivia de uma vida inteira naquele instante. Como todos os antes, os lábios se tocaram em promessas e desejos infindáveis e insondáveis.
Escolhas. Somos o resultado de uma matemática humana sem previsão. Como 2 + 2 pode ser 5? Como o provável pode se dar ao luxo da insanidade? Enquanto se dava o beijo, tudo ao redor girava ao som de uma canção imemoriável. Tudo mais em minha vida perdeu a importância, somente aquele beijo era suficiente.
(continua)