CRÔNICA – O medo é a arma dos incapazes
Crônica – O medo é arma dos incapazes – 19.04.2011
Um amigo de minha família mantém conta de depósito numa agência do Banco do Brasil daqui do interior de Pernambuco, mais propriamente a do Cabo de Santo Agostinho, onde aquele navegador Espanhol Vicente Pinzón andou antes do Pedro Álvares Cabral pisar o solo brasileiro.
Pois bem, dita conta foi aberta há 49 anos, portanto quase meio século, e nunca passou por cadastros de cheques sem fundos, nem no SERASA e nem outro qualquer serviço de proteção ao crédito. Ademais, sempre tem saldo suficiente, e quase nunca paga juros sobre cheque-ouro, eis que não aprecia saldos devedores, porquanto fora gerente de banco.
No dia 07.04 próximo passado, a mulher desse colega foi surpreendida com um “chupa cabra” embutido na máquina que ela fora sacar, instalada no Hiper Bom Preço, daqui do Recife, resultando em que a clonagem de seu cartão possibilitou a que meliantes sacassem hum mil reais na sua conta de poupança. Isso teria sido evitado se os quatro gerentes da citada agência pudessem ter atendido aos diversos telefonemas que foram feitos para comunicar a ocorrência. Estavam em reunião, como sempre. O interessante é que o cartão dela desapareceu na hora e em seu lugar veio um já clonado de outra pobre vítima.
No mesmo dia, ou seja, na mesma manhã ela compareceu juntamente com ele à agência. Muito bem atendidos, fizeram uma carta ao banco comunicando o fato. Indagado se era necessário dar parte na polícia o gerente de atendimento nada respondera. Também penso que essa de levar o caso à polícia ao invés de ajudar somente prejudica a imagem do banco, pois afinal o desfalque fora de apenas hum mil reais.
De início, pensou-se que o saque fora efetuado na conta-corrente, todavia foi na de poupança que os malandros resolveram mexer. A verdade é que em doze dias não deram solução ao problema, e no último contato que se teve com um dos gerentes a resposta que ouviu foi a seguinte: “É preciso abrir um processo, vou verificar quanto o motoboy cobra para levar uns documentos pra serem assinados”. Isso causou profundo desgosto uma vez que se o banco não abriu processo a culpa é dele, eis que uma carta da lesada foi-lhe entregue no mesmo dia da ocorrência. A viagem de moto custou ao bolso da cliente somente R$ 30,00.
Justamente por pensar que o saque havia sido feito na conta de depósitos dela, e a fim de que não ficasse descoberta, o seu marido mandou justamente R$ 1.000,00 para crédito. Ao que parece não se sabe ao certo, o referido banco ficou desconfiado de que aquela quantia foi a mesma oriunda do furto! Durma-se com uma coisa dessas!
Apelos por e-mails já foram feitos aos quatro gerentes de expediente, mas eles não acusam sequer o recebimento deles e nem se tocam, não se sentem com a obrigação de retornar com uma simples ligação telefônica. A referida agência fica a 50 km do Recife e lá somente é mantida por conta de o esposo da que fora lograda haver encerrado sua carreira de banco naquela sucursal. Pena que eles nem considerem esses fatos de se tratar de ex-funcionário e de ex-gerente.
Ora, me pergunto, como é que o banco se utiliza de máquinas sujeitas à introdução de “chupa cabra” numa época tão moderna? Por que não criar um código de barras para cada compartimento destinado a se introduzir o cartão? Penso que isso seja fácil até demais, de sorte que qualquer outro dispositivo ali colocado não funcionaria. Poderia até automaticamente ser acionado um sensor de alarme para amedrontar os ladrões que andam soltos por aí afora, e mesmo presos em presídios de segurança máxima eles dão as cartas e mandam fazer o que querem.
Solução provisória encontrada pelos prejudicados: Dar notícia ao PROCON, ao Tribunal Especial Cível, a emissoras de Televisão e, o que é melhor, retirar a conta da agência, porquanto está se mostrando incapaz de resolver uma pendência tão simples. Na verdade é um movimento pequeno, um número apenas, não fará falta, mas somente o fato de deixar de ver a cara de tanta gente incompetente que nada resolve já é uma grande coisa.
Em revisão.