Escrever
Escrevo, não por gostar... Como alguem pode gozar da angústa de uma página em branco pronta a ser preenchida e que te tortura a cada idéia de rascunho, amassada, rasgada, xingada...
Não escrevo por gostar de escrever, mas como alguem que ama algo que é impróprio, que é visto com olhos tortos, que se esmaga entre dentes e papéis de carta expulso as letras e frases por não poder contê-las mais em mim, por falta de espaço...
Ninguem, escreve por que gosta mas talvez por amar ou odiar algo inacansável ou a si mesmo de mais ou de menos para ser diferente disso.
É assim que sei viver.
Para diante do papel, rio e contorço o rosto enquanto escrevo, textos talvez duvidosos em qualidade, tão sem nexo em seu próprio nexo.
Termino cada frase em angústia.
Ao fim de cada página me sinto aliviado. Claro que um alívio passageiro. Como dizendo sempre que podia ter sido melhor...
Mas cada texto é vivo. E antes de eu perceber já partiu.
Antes de eu ver já não são meus. Nunca foram... Nunca serão...