O visitante inesperado

Descobrir as entrelinhas. Questionar e construir conceitos. Habilidades esperada e suscitadas pela professora, considerando seu papel naquela importante instituição acadêmica e humana.

Aula de redação em suas primícias ocorria em perfeita normalidade: alguns olhos afoitos destrinchavam a coletânea em estudo; outros mal tiravam os olhos do relógio para descobrir os quarenta minutos que ainda restavam da aula. Misto de atenção e emoção.

Papel ingrato, mas muito compensador. Paradoxo que consiste a mente de um professor em momentos de pleno silêncio, mas nem tão plena dedicação estudantil.

Um súbito e aquelas atenções, voltadas para a imagem do docente, ali na frente da turma, voltam para um estranho e inesperado visitante, no fundo da sala.

-Um rato!!!

A quebra do silêncio e o estranho ciúme, que o professor teve, daquele roedor denotaram a estranha solidão do mestre, pois neste instante só a pluralidade de comportamento poderia ser observada. Como cada um poderia reagir numa situação de perigo. Perigo? É o que os olhos de uma jovem, tez morena, revelaram ao pedir para sair, contrastando medo, muito medo, respeito à hierarquia e o pânico facilmente notado em sua face agora pálida.

Enquanto isso, o quebrador de monotonias circulava desesperadamente sendo seguido, especialmente, por dois olhos esverdeados e pés de vários tamanhos, vários rostos adolescentes queriam viver intensamente aquele instante. Risos. Euforia.

Foi notória a coragem de alguns alunos ao enfrentar e imobilizar o terrível inimigo e também se fez relevante a indiferença de outros que apenas demonstraram sorrisos escanteados ou neutros.

E a aula de redação? Voltou com o desejo metalinguístico de revelar e marcar alguns furtivos minutos que não foram fotografados ou filmados, mas foram literariamente arquivados. Isso é aula de redação!

Rosimeire Soares
Enviado por Rosimeire Soares em 18/04/2011
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