Animado por uma das crônicas do grande Artur da Távola e procurando sentir o que ele sentiu, ao escrever “A aventura da Fraqueza”, criei coragem para expor também meus sentimentos, em uma espécie de dueto com ele, pois ele continua mais vivo ainda, através de sua memorável escrita. Ao final, transcrevo a conclusão do grande cronista, dando o seu toque genial sobre a fraqueza humana.
É tal a complexidade da vida, que nos perdemos nos seus infinitos labirintos. E queremos desvendá-la a todo custo e quanto mais fracos nos sentimos, mais ousamos.
Não é a coragem que nos impele a desbravar o mundo, mas a fraqueza.
E sentindo que nada sabemos, ousamos fazer poesia, tentamos a prosa encantadora e até fazer ciência, com ar de seriedade.
Inventamos, fazemos mágicas, estudamos a vida e ela nos foge pelos dedos.
Com medo, assustados, vamos fazendo contatos, teorizando e marchando, ora para um lado ora para o outro, não chegando a lugar nenhum.
Lemos tudo que nos cai nas mãos, sabemos dos outros e pensamos que sabemos de nós. O que sabemos? “Nem sei se nada sei”, alguém já disse.
Mas não queremos ser céticos, queremos entender, saber e deitar falação.
Tornamo-nos apenas aventureiros, piratas da nossa ignorância e vamos semeando mais confusão. Limitamo-nos a repetir o que os outros aventureiros dizem sem o menor senso de responsabilidade.
Artur da Távola registrou essa fraqueza, com sua sensibilidade e inteligência aguçadas, para no final de uma de suas memoráveis crônicas, nos oferecer a bússola da maturidade, "quando cansado e só você descobre que “a sua” não era aquela na qual gastou a esperança, o sono e a vontade. “A sua” é outra: é a força em relação a qual lhe faltou energia para se aceitar, em vez de navegar seu nada na aventura da própria fraqueza feita aceitação, só porque os outros aventureiros dela também são."
Gdantas