PAPAI E O JORNAL
Meu pai, que sobreviveu à queda do ph e das consoantes duplas, não se conformava com o desaparecimento dos acentos diferenciais após uma das reformas ortográficas. Lembram-se (os mais velhinhos, claro!) que escrevíamos êle – dêle – naquêle – almôço – flôr – côco - cafèzinho – etc ...? Pois é, ele dizia que assim ia ter muita confusão, pois podíamos ler certas palavras de acordo com a nossa vontade. Então, para fazer graça, pegava o jornal e fingia encontrar uma notícia. Lia em voz alta: “O almóço será servido ao meio-dia. Como sobremesa teremos dóces variados”. Aí olhava para seu público (nós, os filhos) e perguntava: ”E se tiver doce de coco, como é que eu vou saber?...”
imagem:google
Meu pai, que sobreviveu à queda do ph e das consoantes duplas, não se conformava com o desaparecimento dos acentos diferenciais após uma das reformas ortográficas. Lembram-se (os mais velhinhos, claro!) que escrevíamos êle – dêle – naquêle – almôço – flôr – côco - cafèzinho – etc ...? Pois é, ele dizia que assim ia ter muita confusão, pois podíamos ler certas palavras de acordo com a nossa vontade. Então, para fazer graça, pegava o jornal e fingia encontrar uma notícia. Lia em voz alta: “O almóço será servido ao meio-dia. Como sobremesa teremos dóces variados”. Aí olhava para seu público (nós, os filhos) e perguntava: ”E se tiver doce de coco, como é que eu vou saber?...”
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