Deus e a cobra

Eu tinha precavido. Ele perdeu o caminho de volta. Eu verei um modo de ajudá-lo. Quando nós pormos os pingos nos iis verei um modo. Eu tinha provido a criação de afeto, inteligência e ócio. Vós agradeceis? Neca. Eles odeiam o destino e vivem me chamando de sorte. Por Deus! Eu ergo montanha, ergueria uma cadeia delas, enquanto eles saúdam a sorte.

Que eu tenha sido negligente? Eles não são amados? Estão agora todos loucos no mundo. É só loja, caixa, quando eu pagar essa culpa, venho para mais perto, logo produzirei um tipo novo. Eu elegi o ser humano como experiência da criação. Elegi? Eu passeava com ele e ele foi longe demais. Eu jazi arrasado quando vi. Eu tinha feito o mundo para nós cabermos... Nunca para tu perderes, Adão, tamanha sinecura. Vai dormir agora sozinho às margens do rio Acaba-Mundo. Vai balordo desabitado... Vê a Eva.... Ela inventou o xadrez e tu o unicolor.

Depois não comas sem consulta nada que eu sirvo sem pensar. Principalmente quando eu estiver longe. Agoráfobo!*

Requeremos uma consulta sobre consanguinidade da Eva e deu tudo errado. Aconselhei: não convirjas para mim tamanho constrangimento. Tu finges, ordinário primeiro dono do paraíso, para nós adequarmos: cobras não comem maçãs. Ah, quando eu reouver o paraíso, não durmas, foge...

Tua alma saiu da minha coxa e Eva da tua costela falsa. Oco Adão produzido no vácuo, eu tinha produzido um herói até expulsá-lo. Preveniria a cobra se tivesse lembrado.

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Perdão, Leitor, pelo maneirismo tortuoso, presunção de erudição, todavia Adão sofria claramente de agorafobia: “medo de espaços abertos e horror de ficar desacompanhado em lugares públicos”. Sofria só que ninguém deu bola no começo.

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Fenomenologia caseira da alma

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 17/04/2011
Reeditado em 09/09/2011
Código do texto: T2915113
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