O Rosto
Ele viu-a no primeiro dia como a veria no último, e as lágrimas lhe escorreram pelo rosto: chorava!
Ele sentiu o abraço dela, ele sentiu o seu calor e ela sentiu o seu também. Ele conheceu-lhe as curvas e ela também; Ele sentiu os seus beijos e ela também...
A viagem só dura o tempo suficiente que te propões a enceta-la, mesmo que magoe um ribeiro de fúria e que a vida doa, e que a felicidade chore, mas se a quiseres no entre ser da alma se quiseres, a viagem só dura o esforço que colocares na empresa, só dura a disposição que estás de quereres sofrer...
As mãos abandonadas sobre o volante, as lágrimas numa torrente de cascata violenta tingindo o vestido de transparência e por cima do seu destino, o avião ruma num vórtice para lá das alturas, e a inevitabilidade de se voltarem a encontrar é tão vasta quanto perene, como se o tempo pudesse voltar atrás ou a Terra inverter a sua marcha e recomeçar tudo de novo e a história morresse ali onde eles se conheceram onde eles se congelaram de sentimentos, onde eles foram o paranuncamais dessas lembranças nunca mais me esquecer.
Um rosto não é uma oferta valida para se recordar, um rosto como as fotografias que ele guarda em Paris, Londres ou espalhadas pelo mundo... um rosto não é uma oferta mais valiosa, mas ele guarda... guarda aquilo que até ao último dia para ele, ela seria o rosto.
Paulo Martins