Crônica do Eu Só...

Meu anjo terapeuta me ensinou coisas as quais deveria seguir...

Certa vez ele disse assim: Por quê você insiste em buscar uma ilusão?

Eu muito indignada disse: Me responda doutor, o senhor respira?

Ele sorriu dizendo: Não me venha trocar os papéis, o terapeuta sou eu...

Ele continuou: Sim eu respiro. Mas por quê da tal pergunta?

Eu gentilmente disse: Então sabe muito bem que sem ar o senhor morrerá.

E eu sem amor nada sou. Eu o busco em cada canto, cada porto ou aeroporto.

O doutor disse: Sim, não a questiono, porém, então você sabe quem é o teu amor?

Eu mais indignada ainda disse: É lógico que eu sei.

E o doutor calmamente pergunta: Qual o nome dele, onde ele mora, quantos anos tem?

Eu, agora um pouco temerosa respondi.

O meu amor se chama...ele se chama...mora...morou...anos? Eu não sei. Ainda não o encontrei.

O terapeuta com os olhos brilhando disse: Tá vendo, como pode buscar alguém que nunca viu.

Um ser imaginário. Uma fantasia. Onde está esta tua ilusão mocinha? Acorda!

Eu comecei a chorar e relatei a ele em detalhes de onde vem o meu amor e disse:

Sim doutor, o senhor tem razão, o meu amor jamais se adaptaria aqui nesta época, pois ele era um guerreiro, nobre, tinha caráter, sabia fazer amor, me conhecia pelo olhar, compreendia minha natureza feminina, sentia ciúmes de mim, não deixava ninguém se aproximar, me protegia. Ele era uma pessoa possuidora de virtudes, acima de tudo me respeitava. Jamais se atrevia a mexer com outras mulheres, confiávamos um no outro e quando jurou o seu amor foi para sempre. Nunca recuou um passo se quer. Nunca me deixou em dúvidas quanto a isso. Ele me sustentava, trazia flores e caça. Nunca nos faltou nada. Tínhamos uma família estruturada. Sabe doutor, hoje, nesta época onde tudo é fácil, as pessoas se prevalecem sobre as outras, se dizem espertas, querem que as mulheres seja apenas objeto sexual, não acreditam em mais nada. Não possuem a fé. Vivem dela. São hipócritas. Falsos. Não assumem um relacionamento. Trocam de mulher como de roupas e ainda se queixam. Nos xingam, nos expõe ao ridículo. Brincam de faz de contas só para nos levar para a cama. Não doutor, realmente o meu homem jamais existiria neste tempo. E se sim, ele seria considerado um monstro, pois não admitiria tais atos e se preciso fosse, mataria qualquer um que pensasse em me prejudicar. Por alguns minutos senti o coração do doutor literalmente parar.

Ele me olhava fixamente nos olhos. Engasgado e sem argumentos disse: Pode ir embora Luciana. Quem tem que se tratar sou eu, pois não passo de um verme terreno. Vou para a minha casa e vou buscar minha esposa que provavelmente neste momento deve estar cuidando dos nossos filhos.

Não entendi muito bem a atitude dele, apanhei minhas coisas e saí. Porém antes de ir disse:

O meu amor um dia virá me encontrar. Porém, até eu encontrá-lo continuarei assim só...

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Zyrennah
Enviado por Zyrennah em 16/04/2011
Código do texto: T2912990
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