ASSÉDIO SEXUAL
ASSÉDIO SEXUAL é sempre motivo de comentários constrangedores em qualquer ambiente de trabalho onde o mesmo ocorre. Quanto a isso, não há especificamente uma categoria especial. Desde a gerência ao funcionário da limpeza. Afinal, a súbita atração, que comumente ocorre em qualquer situação, em qualquer momento da vida de uma pessoa, não escolhe cargo ou função. É sempre assim: olhou, gostou e aí começa a procurar um meio, uma evasiva para propr à pessoa preferida um momento íntimo. E quando a investida, a paquera acontece no local de trabalho trata-se de algo delicado e perigoso. Dependendo do caso, pode acontecer uma demissão por justa causa. Mas, se o tal assédio se consumar longe dali, aí são outros quinhentos. Algumas pessoas em situações assim têm o manejo, o dom de disfarçar o máximo com muita categoria. Outros, nem tanto. Neste último caso, por exemplo, os tímidos, os medrosos alimentam o seu desejo só através de olhares apaixonados à distância. Enquanto os mais afoitos, os mais autoconfiantes não perdem tempo e não ficam só nos olhares e indiretas. Partem logo para o tudo ou nada. Pouco estão ligando para os comentários de terceiros, isto é, as fofocas.
Neste caso, enquanto uns conseguem atingir o objetivo libidinoso e afetivo, outros põem a sua vida familiar e até profissional em perigo. Pois neste terreno pantanoso, íngreme. Portanto, todo o cuidado é pouco. Engana-se hoje, amanhã e depois. Mas quando menos se espera a casa cai. Repito: tanto do lado profissional quanto familiar. Vale ressaltar que nesse teatro de assédio sexual tem a participação tanto do homem quanto da mulher. Par emoldurar este assunto, eis um caso concreto que presenciei, quando era funcionário numa renomada empresa de comunicação aqui em São Paulo.
Na agência onde eu trabalhava havia mais mulherer do que homens. Então, para estes, o ambiente era muito florido e convidativo para esta prática. Era uma tentação em tempo integral. É verdade que, entre as funcionárias, algumas estavam descartadas de algum tipo de paquera. Por exemplo, tirando o lesbianismo, o que era uma exceção, havia uma ou outra já bastante comprmetida. Vale ressaltar que quase todas elas exerciam a função de balconistas, portanto, como atendiam ao público teriam que ser simpáticas, comunicativas, educadas, etc.
Com o passar do tempo, entrou um gerente substituindo uma mulher. Não demorou nada, aquele senhor começou a abordar uma funcionárias, por sinal a mais bonita e por isso mesmo, a mais paquerada pelos clientes e colegas de trabalho. Quem a via conversando com uma pessoa do sexo oposto, jurava, pelo seu sorriso maroto e gestos insinuantes, principalmente quando ora arrumava os cabelos ora a roupa, que emoldurava o seu corpo provocante, que ela estivesse confirmando, apalavrando alguns detalhes de alguma aventura num determinado motel. Portanto, era uma jovem muito especial. E aquele gerente tentou imediatamente resguardar aquele joia preciosa, transferindo-a para um local de trabalho mais reservado, consequentemente, longe das "garras" e olhares cobiçosos de alguns clientes intempestivos. Sendo assim, foi a sua primeira vitória. Em seguida, era só usar os seus meios de galanteador e autoridade, prometendo "mundos e fundos" à sua presa predileta.
E foi aí que certa ocasião, ao sair um pouco mais tarde do meu horário, deparei-me com aquela cena típica de um assédio sexual: enquanto a jovem falava ao telefone na sala do gerente, o dito cujo simplesmente abraçava-a por trás enquanto a sua mão boba e atrevida viajava na parte interna da blusa da funcionária, apalpando os seios túrgidos. O que aconteceu após esta investida dá para imaginar. Só sei que, após testemunhar este assédio sexual à minha revelia, não demorou muito, de maneira arbitrária fui transferido para outra agência, como se eu tivesse sido algum empecilho naquele idílio entre patrão e funcionária.
João Bosco de Andrade Araújo