Plano B (BVIW)
Condenado por um crime que não cometera, ex-bancário bem-sucedido, decidiu-se a não deixar sua vida se acabar na prisão. Visando também uma condicional por bom comportamento, apresentou suas idéias ao diretor da casa e, com a ajuda deste, criou uma empresa com fins de reabilitação. Bom para ele e outros presos, negócio da china para o diretor. Anos e anos viram aumentar os lucros que, com os conhecimentos do ex-bancário, caiam, em sua maioria, na conta do diretor, desviando das garras do Leão. A coisa ia tão bem que, aproximando-se a data dele obter sua condicional, o diretor lhe disse, mais ou menos, numa noite chuvosa, referindo-se ao caixa dois: "Nos próximos anos há muito trabalho para você, aqui. Isso não é maravilhoso? São tantos desempregados lá fora...” Deveria ter sabido que o diretor não abriria mão de sua galinha dos ovos de ouro e, naquele instante, compreendeu que era o fim. Foi para a cela determinado a acabar com tudo àquela noite. Apagaram-se as luzes e... aquele mundo não era para os bons. Seu único amigo, vizinho de cela, sabedor de seu desengano, passou a noite em claro pensando no que o amigo poderia fazer. E fez! Dia seguinte, a cela era o lugar mais limpo. Abrindo caminho no meio do esgoto e da enxurrada da chuva, ele renasceu para a vida, num túnel que passara anos cavando, em silêncio, em segredo, com resignação, cujos metros finais romperam-se com a força das últimas palavras do diretor. Que esta história fosse minha, bem queria eu. É, mais ou menos, parte da história de Um Sonho de Liberdade (1994), filme de Frank Darabont que nos mostra, acima de tudo, a importância de se ter sempre (na vida) um plano B.
Texto publicado no BVIW.
http://letrasdobviw.blogspot.com/2011/04/plano-b.html
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