Amores sobre a liberdade
Há escolhas assim que nos deixam a pairar sobre o passado como se o presente fosse um encoberto momento de pausa.
As escolhas são sins ou nãos que delegamos ao nosso ser, são tomos e regras que nos aventamos para seguirmos ou adiante ou não seguirmos a lado algum. Escolhemos aquilo que ditamos como nosso e para nosso bem, ou simplesmente nos habituamos e nos quedamos imotos ao lado da cerca do lado de dentro a sonhar, a sonhar... com aquilo que algum dia tudo poderia ter sido.
Aos homens o amor é margoso dai por isso é que muitos o evitam. É doloroso se entregar ao amor, é doído perder por amor. Há amores que nascem das pedras, e outros que nascem dos mares e outros ainda que nascem de todos os lados, uns são amores pedregosos e outros amenos, há ainda os maus amores, os dos ciúmes, os das posses e os violentos. Eu nunca amei pela violência mas já fui amado na violência: sim porque o ódio é a forma mais violenta de se amar alguém... é um repúdio de tudo aquilo que gostaríamos de ter em nós mas reflectido nos outros.
Amar não é uma arte, amar não são aperfeiçoamentos de skills, amar não é um dever, amar não é obrigação, amar não tem forma, não tem peso, não tem cor, Amar é amar as escolhas e fazer delas a arma do nosso coração, a nossa casa, o nosso lema, a nossa alegria. Mesmo que associado ao amor venham desilusões perenes de pequenos delitos e alguma distancia, amar é congénito, é sobrenatural, é a forma do teu ser nos meus sonhos, e são os meus sonhos levados ao intemporal.
O amor é água, céu e luz, é a cadência do tempo, o silencio silenciado na tua ausência, caminhar por ali de mãos dadas com o vazio a imaginar o vento no teu rosto...
Dos lugares altos e espartanos da cidade um vislumbre paira pelo ar, da torre de menagem avisto a distancia do sentir, o céu carregado nas asas das pombas esvoaçam macaréus e as luzes avermelhadas do poente alteram o pensamento de mim...
Ali avisto a distancia sem mar, um Ocidente mais para Sul e nas estrelas do senhor rezo uma prece de mim para ti nesta certeza de te saber bem, que feliz é tudo que penso para ti...
Sacre Coeur alteia-se sobre Paris (esta cidade tem a nostalgia certa para quem ama): a brisa suave desce pelo planar do crepúsculo, aqui do alto altar Deus me escuta jogo no ar um "amo-te"... e há dois tipos de queda: a violenta e a livre!
Sou livre!
Paulo Martins