I N T U I Ç Ã O
Intuição
Li sobre ela e constatei seu real valor. Contudo, ainda não aprendi a ouvir e atender ao seu apelo. Tivesse atendido, não estaria passando por dificuldades agora.
Era noite, tempo fechado; estava em casa com minhas duas irmãs. A mais nova resolveu ir embora. Quando ia acompanhá-la até o portão, disse-lhe:
Vou pegar a lanterna.
Não precisa.
De fato, para ela não era necessário; a intuição havia brotado em mim, eu senti que precisava da lanterna, porém não a peguei.
De repente, ela voltou para apanhar a sombrinha que havia esquecido.
Segui em frente pois lembrei-me que precisava soltar os cachorros do canil, próximo ao portão. Tudo muito escuro... Perdi a noção de onde terminava a calçada; saí fora dela e escorreguei. Caí bruscamente, bati com a perna nas pedras do calçamento. Senti uma dor terrível, pensei que fosse desmaiar. Gritei por minha irmã.
Que aconteceu?
Levei um tombo, nada grave...
Senti que estava machucada, porém não quis deixá-la preocupada. Abri o portão para que ela saisse. Voltei para dentro.
Minha outra irmã, ao me ver, levou um susto. Eu estava toda suja de barro. Procedi da mesma maneira, não queria nenhuma preocupação comigo.
Tomei um banho, passei uma pomada na perna. Doía muito, mas fiz de conta que não era nada; comportei-me como criança que não deseja ser repreendida. Fui dormir.
Acordei de madrugada, a perna doía muito... Fui até a cozinha, abri a geladeira, coloquei uma porção de gelo dentro de um saco plástico, amarrei e coloquei sobre o local dolorido até conseguir dormir novamente.
No dia seguinte tive que ir ao hospital, havia fraturado a perna.
Hoje vejo que minha atitude, tentando não preocupar os outros, foi incorreta. Mais ainda, não ter ouvido minha intuição. Quando vou aprender a ouvi-la?
Iza Engel