Cada vez mais a violência
O trágico episódio da Escola Tasso da Silveira em Realengo, no Rio de Janeiro, ao lado de outras ameaças que pairam no ar, mostra que no território da violência tudo pode acontecer, até mesmo aquilo que nem de longe passa pela nossa imaginação. Isto vale tanto para a dimensão quanto para a imprevisibilidade. Onde e quando vai acontecer? Ninguém sabe.
A paz tem endereço certo e caminhos próprios. Como no plantio da natureza, é preciso preparar a terra e aduba-la, escolher a semente e planta-la, cultiva-la até que cresça e cerca-la de cuidados para que se fortaleça.
O que vemos acontecer é que nos momentos críticos, depois de entornado o caldo (deveria escrever derramado o sangue), um frenesi percorre a sociedade, manifestações de repúdio surgem de todos os lados, ofertas de ajuda e expressões de solidariedade. Tudo sempre tarde demais, na hora de ajuntar os cacos do vaso destruído. Fora esses momentos cruciais o panorama é outro.
Há um empenho em construir presídios, em torna-los de "segurança máxima", inexpugnáveis. Com isso, os criminosos agradecem. Pois, ou estarão tranquilamente acolhidos em seus "hotéis" específicos, ou estarão à solta para praticar suas façanhas.
Descer às raízes do problema da violência, nem pensar. A instituição familiar é tratada com desrespeito sistemático, ficando a mídia e outros instrumentos de diversão com plena liberdade para afronta-la e desmoraliza-la. Ninguém nota a decadência das escolas. Há uma total indiferença para com as leis que, ao contrário de norteá-las e disciplina-las, contribuem cada vez mais para desvia-las de suas finalidades culturais e educativas.
Todos sabem vociferar contra a violência. Ao mesmo tempo, todos concordam com a manutenção e o cultivo das causas profundas e essenciais que geram a violência.
Portanto, a violência continuará a crescer. Preparemo-nos para conviver com este fato, pois há uma cumplicidade universal que insiste em não enfrentar este problema mundial com a seriedade, a coerência e a firmeza de que ele necessita.
Nós vivemos numa época absurda.