SÓ ESTOU DANDO UMA OLHADINHA
Uma bela tarde de outono, sem vento, sol brilhando. A temperatura amena é um convite para um giro nas lojas, mesmo que não tenhas nada em mente sobre o que comprar. Aliás, nem sabes se vais comprar. Encher os olhos, talvez, apenas baste. Paras em frente a uma vitrine e, até aí, tudo tranquilo. Mas tu resolves entrar na loja e... teus problemas começaram! Um vendedor te aborda e, como não tens noção do que ou se queres comprar, tu aplicas o lugar comum "só estou dando uma olhadinha". Só que o vendedor é daqueles que foi adestrado dentro da máxima "insista que o freguês compra" e aí começa aquele jogo que mais parece a dos animais em acasalamento. Tu disfarças, muda de seção e o sujeito atrás de ti, te cercando, colado no teu pé, como se quisesse te seduzir ou, o que é pior, como se fosses roubar algo. Se te descuidares e deres uma pequena parada, ele te atropela, literalmente. Tem loja que eles já ficam na porta. Mal paras em frente à vitrine e eles atacam. São os tais "caçadores de incautos" que tentam segurar no teu braço, em plena calçada movimentada, para fazer o tal cartão de crédito.
Se isso é técnica de vendas, para mim funciona como a anti venda. Porque se algum vendedor começar a me seguir, saio correndo da loja na hora, sem adeus e sem nada. Aliás, naquelas em que eles fazem um paredão na entrada da loja, eu nem entro. Já pensou ser bombardeada por mais de um matador de ilusões? Porque, para mim, isso funciona como um laxante: minha alegria e meu desejo de comprar vão pelo ralo...
Na verdade, usamos o “estou só olhando” quando o vendedor nos aborda cedo demais. Não adianta querer forçar a venda. O cliente tem que ter tempo de respirar, observar e avaliar o que está procurando. E ele pode estar só olhando... Se for deixado à vontade, quem sabe daí não sai uma bela venda? Porque uma coisa é certa: o freguês não vai comprar nada dois passos depois de entrar.
É por essas e outras que as lojas de departamento vivem repletas de clientes...