A mídia e os “sádicos-masoquistas”!

A mídia e os “sádicos-masoquistas”!

Como o país está sangrando junto com as famílias das vítimas do colégio em Realengo, a mídia também providencia urgentemente a sua hemorragia. Sem deixar estancar a tragédia, ela cutuca sempre a ferida, evitando assim a cicatrização do massacre.

Como um vampiro em busca de sangue, a mídia se lambuza de tragédias, fazendo o seu sensacionalismo e vendendo as dores da vida. Quanto mais doloroso o fato, mais tempo em seus telejornais e jornais, e assim a tragédia vai dando o seu “IBOPE”, mantendo os “sádicos-mazoquistas” entretidos e o crime com ares de um filme à espera de um final feliz que jamais virá. Nesse filme da vida real os bandidos estão vencendo sempre os mocinhos e assim as histórias vão se repetindo e se eternizando nas mídias sedentas por notícias cada vez mais escabrosas.

Oba! Grita a mídia escrita cada vez que o país é subtraído em seus cofres. Que Bom! Brada a mídia televisa quando um crime bárbaro é cometido. Assim o vampiro vai sugando o sangue da tragédia a fim de se manter vivo. A mídia não tolera noticiar o avanço da humanidade e não quer escrever sobre heróis cotidianos (o povo), prefere a guerra criada por maníacos, o sangue de inocentes e a dor de uma nação. Seus impressos e filmes rodam em busca de uma desgraça pública que alimente a comoção. Plantões a todo instante não deixam amornar a notícia e enquanto a consternação em massa existir os noticiários haverão de explorar até a última gota de sangue.

A mídia vai buscar testemunhas, confrontar fatos, investigar atos, tudo pra mostrar a sua eficiência ante seus consumidores ávidos por mais sangue e quiçá, fazerem justiça com as próprias mãos. Nessa hora todos se indignam e querem fazer a justiça cometendo o mesmo crime, uma forma errada de se vingar da tragédia.

Vamos devorando essas desgraças lendo e vendo como “sádicos-mazoquistas” esse terror que dia a dia acontece, esperemos não ser vítimas da nossa própria sede de sangue. A mídia tem que dar a notícia, cabe a nós comprar ou não a informação, o que não se pode é fazer da dor alheia, um balcão de noticias.

MÁRIO PATERNOSTRO