DE QUEM É A CULPA?
Uma mulher morreu esperando atendimento médico. Era jovem, tinha 45 anos, mãe de dois filhos pequenos.
Consultas médicas com especialistas chegam a demorar cerca de três meses, exames 01 ano.
Um homem morre após ter sido medicado, os medicamentos utilizados estavam vencidos.
Um garoto de aproximadamente 15 anos pede ajuda na delegacia, desesperado, pede para ser preso, pois, não agüenta mais usar drogas.
Faltam policiais. Devido aos baixos salário pedem exoneração.
Cresce o número de mães adolescentes.
Sem ter onde morar, família monta casa sob viaduto.
Mães passam as noites em frente à escola para conseguirem vagas.
Não há vagas na creche. Alimentos vencidos são utilizados na alimentação das crianças.
Um professor é assassinado na frente da escola, por um aluno revoltado com a nota baixa.
Devido às fortes chuvas, centenas de pessoas morrem e milhares ficam desabrigados.
Um deputado é filmado recebendo propina, o dinheiro colocado no bolso é pouco, segundo ele.
Políticos recebem propinas para votarem a favor dos projetos do governo.
Dinheiro de grandes obras é desviado indistintamente.
Obras são superfaturadas.
Um político faz prestação de contas com notas falsas.
O salário mínimo foi aprovado, R$545,00.
Salários de Deputados chega a R$27.500,00, mais, auxílio terno, auxílio moradia, auxílio alimentação, verba de gabinete, etc., etc., etc..
O Ministro da Fazenda declara: “Haverá a necessidade de aumento de impostos”.
Estuda-se a volta da CPMF, afinal, faltam verbas para a saúde.
Lendo estas noticias o cidadão, se revolta, fica indignado, o problema é que estas noticias, a maioria, não são atuais, vem acontecendo desde sempre.
Mudam os envolvidos, mas os acontecimentos são sempre os mesmos.
Agora, pergunto, será que temos o direito de nos indignar, de nos revoltar?
O cidadão fala, reclama, se revolta, mas, quando tem a oportunidade de mudar algo, nada faz.
Os acontecimentos, os quais descrevi, vêm de muito tempo, tempo suficiente para buscarmos uma mudança, no entanto, o que fizemos nas eleições passadas?
Mudamos algo?
Procuramos novas alternativas?
Não, mantivemos a maioria dos nossos deputados, senadores, sem contar com os boleiros, artistas e palhaços que tivemos a coragem de eleger.
Além disso, demos seqüência num estilo de governo que vende ministérios e secretarias, loteiam cargos na empresas estatais, são adeptos de um tal de mensalão, sem contar que costumam proteger terroristas e apoiar governos ditatoriais.
Então, pergunto novamente, temos direito de nos revoltar?
Eu não me revolto mais, não dá.
Desculpe, mas, já estou achando que merecemos tudo isso, afinal, não se planta soja para colher milho, algodão para colher café.
Tudo o que se planta, se colhe, portanto, tudo isso é resultado de nossas escolhas, só estamos colhendo o que plantamos.
Não estou aqui para dizer que o candidato a ou b é melhor, só estou criticando a forma como votamos, como elegemos nossos representantes, da forma como avaliamos os candidatos e suas propostas.
Quantos foram os deputados e senadores que reelegemos?
Quantos deputados e senadores acusados de corrupção elegemos?
Quantos deputados e senadores elegemos sem ao menos saber de suas propostas, de seu passado ou de sua capacidade?
Quantos deputados e senadores, boleiros, artistas e palhaços elegemos?
Agora, vamos reclamar do quê?
De quem?
Temos que reclamar de nós mesmos, de nossa displicência na hora de votar, da nossa incompetência ao elegermos nossos representantes.
Temos que reclamar do preço baixo a que nos vendemos.
Desculpem, mas, não me indigno mais, me cobro, me culpo.
Passem a fazer isso.
Passem a se culparem e a se cobrarem mais, pois, a culpa é nossa, toda nossa.
Temos que parar de culpar os outros e assumir a nossa cota de culpa, buscando alternativas claras para melhorar o nosso país, isso inclui, votar melhor, banir políticos fichas sujas e políticos de ocasião.
Quando fizermos isso e não der certo, aí sim, teremos o direito de nos indignar, fora isso, só temos o dever de nos resignar, afinal, tudo isso é nossa culpa e de mais ninguém.