Tão perto da miragem que sou

Tenho andado por caminhos tortuosos, lugares não antes vistos, conhecido pessoas maravilhosas, e outras que quiseram puxar meu tapete com um sorriso de lado. Levantei, continuei. Tentei pegar outros caminhos, surgiram inesquecíveis atalhos... momentos perdidos, tão logo encontrados.

Pensei demais, sonhei demais e perdi tempo demais em ser para os outros aquilo que eu não sou, e esquecido na verdade o que eu gostaria de ser. Chorei, ouvi conselhos, refleti... Sei como sair da minha sombra, preciso sair, preciso parar de pensar o que ela pensaria de mim. Viver...

Mas na verdade, será que eu sei o significado correto do meu viver bem? Sigo corretamente o que busco para a vida toda? Consigo correr entre as nuvens sem me preocupar as pegadas que deixo pra trás? Mente desnecessariamente pensante...

Tenho consciência de que meus atos não pertencem a mim hoje. Acredito que depende só de mim pular fora do nada e começar o novo. Abandonar as correntes, sair do quarto e beber da fonte.

Disseram-me que tenho de parar de pensar nos outros, cuidar de mim. Os outros já viveram e estão vivendo enquanto eu estou de encontro a mim mesmo: parado, com medo, sem sentir. Respondo que é difícil seguir, mesmo sabendo que nada me impede. Basta querer. E eu quero. Eu preciso... Um ano, quem sabe seria necessário para tirar as ataduras.

Confesso que sozinho não consigo. Não posso dar um passo no escuro sem saber se é o correto.

Aprendi que o abismo é o incerto. Mas como podem me dizer que o abismo não tem fim se ninguém voltou do fim para dizer-me? Há pessoas que não sabem aconselhar, uma vez que precisam de conselhos. Pena delas...

Por conseguinte, tenho ao meu lado pessoas que entendem a minha necessidade, sabem do que preciso e estão prestes a segurar meu braço nas minhas quedas. Estão prontas a secar minhas lágrimas quando elas caírem e eu sei que guardarão essas lágrimas para mostrar-me mais tarde de onde essas lágrimas vieram, caso eu esqueça. Agradeço a vocês, por tudo.

Só espero que quando eu abrir minhas asas, eu encontre pessoas que apreciem o meu voo, não julguem o tamanho das minhas penas ou julguem mal o meu caminho ao voar. Espero que quando eu saltar voo, encontre pessoas que queiram voar comigo e não me abandonem a ponto de meus voos serem solitários e sem vida de mim: Um ser alado, com asas fechadas que só está esperando o momento oportuno para voar.

É breve. Mas não hoje.

02/05/10 - 17H26

Renato de Paula Silva
Enviado por Renato de Paula Silva em 13/04/2011
Reeditado em 01/05/2011
Código do texto: T2906035
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