Aos teus muitos nomes
Senta.
Diz num tom assumido.
Cola-te em mim como a desgraça que vem do nada, não tenhas medo de perder, não tenhas medo porque os dados seguem rolando e até ao final a vida é um vislumbre efémero daquilo que transparece no que escutas.
Brilha aurora como a estrela que entardece, ou reluz na ladainha da espuma do mar como a luz brilhante da Lua, rendilhada nas formas nocturnas do mar para reflectir o teu olhar.
Sorri por teres conhecido fortes e invencíveis e também quebrantáveis e desgraçados, sorri por teres dado a mão e terem te dado também. Senta-te aqui ao meu lado.
Diz num tom sereno e fastidioso como quem embala a verdade e vai do nada para o tudo.
Amas?
A pergunta da praxe...
Então não tenhas medo de voar, dizes que o que te mata é o chão: - é bem verdade. Não são as alturas que nos matam, essas elevam-nos o chão é que nos mata...
Diz como quem pensa uma frase redonda e anunciada doravante.
Olho nos teus olhos de moça ardida, olho nos olhos da saudade do ainda agora. Neste instante eras o meu, mas de repente fugido passas a ser o noncense e o impresente. Deixo que partas no meu sonâmbulario calvário que de amar já ando farto, que de amar já ando desistido. Abro o coração ao desespero risco um choro no universo, trajo um luto de queda daqueles anjos caídos e lembro-me que é o chão que me mata.
"Hello!
Are you mister Martins?
Yes i'am...
Do you know miss Adriana?!
Of course i do...
Did she come to visit you at Ireland?
Yes, she's been invited by my self to join me at Dublin city today... Its everything ok?!
Sure that's all alright..."
Tombados nos assentos traseiros 2005 passava ao som de "Boulevard of broken dreams", os beijos tisniam a desditos, as vidas tombavam na alegria e o tempo navegava ao balanço estradeiro pela esquerda costumada e assim fomos andando pelo tempo...
2011 num som de nostalgia a alegria parte como o desejo de te ter por aqui mas nos assentos só tu te tombas enquanto eu releio a nossa vida num sopro.
Talvez eu não saiba nada do amor, nada de amar nada de ti, nada da tua vida, dos teus sentimentos, das tuas múltiplas mulheres e demasiados nomes. mas sei do meu amor por ti, o meu amor saudável, tranquilo, com muita vontade de viver e foder, insubstituível e fiel. Fiel porque jamais chamaria de amor e faria declarações senão fosse para o meu verdadeiro amor...
Choro, choro, choro... Sem parar, uma dor imensa invade a minha alma, e o meu corpo...
Choro meu amor por finalmente, admitir que não há saída sem dor, dor por te querer só para mim sabendo que não tenho; dor por saber que o barco não vai longe e a todo o momento eu não posso nem consigo pular dele; dor por saber que vou te desejar e não te ter, dor por admitir que te invadi a privacidade e o preço que descobri foi que ainda não sou o teu amor.
Não amor eu não te ofereço mais o meu fiel amor, pois já tens o teu. Podemos ter vários amores, mas fiel somente um; e o da-mos a quem luta por nos amar. Vou guardar o meu, quem sabe um dia apareça alguém que o mereça.
"Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
Fernando Pessoa
Paulo Martins