O PEIXE ERA EU

Fui pescar em águas turvas e pesquei foi nada. Na verdade a água é que me pescou. Digo, tragou. Me levou pro fundo da sua escuridão gelada de água que não tem peixe, água carnívora, que come mulheres bobas e carentes, mastiga bem devagar saboreando cada suspiro nosso, com seus dentes de angustiosas indiferenças e voracidade egoísta. Depois somos digeridas passando um a um os Infernos de Dante Alighieri, até virar massa informe, coisa rala, espectro de outrora. Então, sugadas até o cerne, a água turva nos cospe pra fora do seu leito com toda a sem-cerimônia e indiferença de água de abismo saciada. Esta é a Lei da Vida. Como já diz aquele provérbio antigo, um dia é da caça....outro... Nos mares da Vida, é preciso aprender a nadar... e também a reconhecer rio que não tem peixe, que aí de nada resolve possuir todo o equipamento de pesca, compreende?

Denyria
Enviado por Denyria em 12/04/2011
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T2904248
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