Holding The Pain
Depois de uma ou duas vezes a atmosfera úmida; cheiro da mistura dos fluídos impregnado nas cortinas e lençóis; roupas espalhadas em diferentes cômodos da casa; a luz fraca e alaranjada das caixas de som do computador; a batida das caixas acompanhada de uma ode à luxúria.
Rostinho melado de suor e saliva e maquiagem. Sorriso de fera mansa após o banquete sobre o ossário da pobre vítima. A ponta das unhas traçando círculos no sentido horário no peito rijo e círculos anti-horário na barriga suada; ora uma das mãos sobe e ocorre um cafuné que o faz fechar os olhos preguiçosamente; ora enlaça a nuca, que é o meio de condução aos lábios macios de gosto agora acre, rançoso.
Agora ela dá as costas... Quer ser encoxada enquanto os corpos esfriam. O cabelo preso e o pescoço à mostra; a silhueta voluptuosa com os toques rubros da parca iluminação; a bundinha macia e um uníssono suspiro de satisfação – presságio de um sono tranqüilo e profundo.
É assim que o mundo pode vir abaixo sobre a cabeça deles que o desencarne soa idílico.
Pelo menos enquanto não amanhece e a preguiça invade o lugar pela porta dos fundos equilibrando as bandejas do café da manhã em seus tentáculos.
12/04/2011 - 08h23m