Porque não dizer eu te amo

Minhas experiências com estas três palavrinhas não foram as melhores até o presente instante. Na primeira vez que as ouvi, percebi uns olhos assustados me olhando e esperando... acho que meus olhos ficaram mais assustados ainda e permaneci muda, porque eu não sabia se amava. Ouvi mais uma e outra vez e me sentindo cobrada, disse também! No entanto continuava sem saber se amava...

Na segunda vez , não as ouvi, porém sentia uma vontade danada de dizer e no ápice de alguns prazeres decentes, as palavras saíram em meio a êxtase e cansaço. Dessa vez era o rapaz que permanecia mudo e num menos tardar foi-se embora para nunca mais.

A terceira vez... doeu. “Palavras, apenas palavras”.

A quarta vez quase foi um desconforto. Estava desabafando ao telefone: falava, falava com lástima e quando houve um pequeno silêncio, ouvi. A reação foi desastrosa, eu disse um hilário obrigada!

Por isso não digo e prefiro não ouvir. Gosto do beijo emocionado e inesperado, das mãos que enlaçam a minha cintura e falam... gosto da cabeça que tomba no ombro no breu cinematográfico, do olhar fixo quando os corpos se completam. Gosto do beijo que me faz derreter, da percepção das fraquezas e chatices tanto minhas quanto suas, que nos fazem ir além. Prefiro o cuidado, a presença consciente – estamos e queremos estar.

Eu te amo.. em todas as sensações prestimosas, voluptuosas e sutis – menos com palavras.

Lígia Martins
Enviado por Lígia Martins em 12/04/2011
Reeditado em 12/04/2011
Código do texto: T2903762
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