Reféns do acaso (Massacre no Rio)
Quando paramos para pensar, notamos o quanto a vida é frágil. Vivemos rodeados de pessoas, que, por mais que convivamos com elas, nunca as conheceremos de fato. Solidão, silêncio, introspecção. Resquícios de, talvez, problemas interiores? Como saber? Muitos apreendem do silêncio o melhor que ele pode proporcionar, mas nem sempre é assim. A mente humana vem sendo estudada desde os primórdios, e, mesmo assim, somos surpreendidos dia a dia por atos que ultrapassam nosso entendimento.
Juventude... sinônimo de jovialidade, alegria de viver, perspectivas, sonhos... Será mesmo? Temos mania de generalizar as coisas. É mais fácil. A juventude doce que se prega na sociedade pode esconder (e esconde) casos que nada têm de padrão ou de “normalidade”. Sim, prega-se uma normalidade que esbarra numa coisa que muitos não se lembram: a personalidade, o individualismo, as armadilhas do desconhecido, da mente, que, muitas vezes involuntariamente, pregam peças nessa tal normalidade. De fato, a mente humana ainda nos surpreenderá com o que pode fazer. Traumas infantis, nãos acumulados, repressão, depressão, patologias ou tudo enfim, não se sabe. Nunca saberemos. Atitudes impensadas, desequilibradas, de vez em quando vêm reger destinos, vêm sacrificar sonhos (dessa vez reais), vêm fragmentar famílias que nada podem fazer diante do acaso, do bárbaro.
Em meio a tantos avanços, tanta ganância, a essa aparente normalidade e rotina enfrentada por todos, que dia a dia seguem suas vidas como máquinas programadas, surgem atos impensados que vêm mostrar a todos o quanto somos vulneráveis, o quanto somos fracos, o quanto nossa vida é fugaz, limitada. Impossível prever o que o amanhã nos reserva. Os dias passam e as pessoas continuam a viver sem muitas vezes perceber quem nos acompanha nessa jornada. Bullying, solidão, depressão, não importa agora. Onze sonhos infantis se esvaem em segundos. Milhões de vidas se espedaçam minutos depois.
E o acaso nos seguirá para todo o sempre.