Testemunho de vida*

*Republicação

Foi no dia primeiro de março 2010, às 11 45 da manhã, me disseram que aconteceu um acidente que iria mudar significativamente minha vida e a vida de meus filhos, foi um desespero. Meu marido foi trabalhar às 7;00 horas da manhã e me falou que não viria almoçar, porque iria viajar para Bambui, onde se reuniria com o prefeito daquela cidade.

Por volta de 11:30 da manhã, eu vi uma pessoa muito clara dentro de minha casa. Eu procurei pela casa toda e não encontrei ninguém. As portas da casa estavam trancadas.

Mais tarde eu recebi a notícia do acidente que aconteceu com meu marido. No acidente, meu esposo foi para um hospital a 90 km de minha casa. Chegando lá, ele estava completamente paralisado. O médico me disse que ele estava apenas em estado de choque e precisava de um neurologista com urgência e o hospital não tinha esse profissional; pedi então sua transferência para Divinópolis. A ambulância do hospital só poderia fazer esse trajeto após as 23 horas, porque não se encontrava na cidade. Meu plano de saúde falhou na hora em que mais precisei. Então aluguei uma UTI Móvel para transportar meu esposo. Chegando em Divinópolis-MG, foram feitos vários exames e o diagnóstico foi terrível: Traumatismo craniano. Dois edemas cerebrais e outros vários pontos de hemorragia no cérebro. A agonia só estava começando 24 horas, 48 horas, 72 horas; a hemorragia não avançou, mas, as seqüelas poderiam ser terríveis porque ele não falava, não andava, nem sequer virava na cama. Imagine um marido dinâmico, um bom pai para seus filhos, completamente paralisado. Isso poderia permanecer por seis meses, um ano, ou pra sempre! Mas, eu confiei em Deus e pedi para Ele que me ajudasse naquela hora. Pedi a Deus que não o deixasse sem Consciência. As outras seqüelas não teriam problemas, porque eu tinha dois braços e duas pernas que seriam dele, se necessário.

"O hospital onde ele estava internado fica bem próximo da Igreja de Nossa Senhora Aparecida, onde nós dois somos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão. Na quarta-feira, nós estávamos no hospital e eu pude ouvir as pessoas cantando a música do Zaqueu, que ele gosta muito. Então comecei a cantar para ele, foi nesse momento que eu percebi a presenças de nossa Mãe Maria e seu filho Jesus Junto comigo. Eu vi que eu não estava sozinha, apesar de receber muitas visitas, eu me sentia tão só, abandonada, na solidão daquele hospital. Foi aí que eu percebi que ele estava cantando comigo a MÚSICA DO ZAQUEU. Passado alguns instantes, os Ministros de nossa igreja entraram no quarto, nos entregaram duas rosas, distribuíram a comunhão e isso não acontece no hospital em dias úteis da semana; eram 10 horas da noite e a comunhão só é distribuída pela manhã de domingo”

Eu estava muito fraca espiritualmente, imaginei que seria a última vez que receberíamos a comunhão. Foi nesta noite que o Silvanio conseguiu dormir por duas horas consecutivas. Os dias se passavam e eu não percebia nenhuma melhora do quadro que se apresentava. Ele recebeu alta no dia 08 de março de 2010. Fomos para casa, o médico me disse: “Não adianta ele ficar aqui, porquê ele vai ficar se arrastando dessa forma por muito tempo. Eu perguntei ao médico se ele continuaria com o tratamento do Silvanio. Ele me respondeu que continuaria porque ele era o único do plano de saúde, que eu o procurasse daí umas três semanas. Fomos para casa, onde o meu desespero foi maior; em minha casa não tinha os recursos que ele recebia no hospital. O medo e a solidão invadiram a minha alma, me senti totalmente só, apesar de tantos amigos, eu ainda tinha que dar forças para os meus filhos e amigos mais próximos que não acreditavam em sua recuperação. Eu falava no fundo do meu coração: “Eu acredito em Deus e Ele, nos momentos mais difíceis de minha vida, nunca me abandonou; não seria agora que ele iria fazer isso comigo.” Troquei de médico porque o que estava cuidando dele não acreditava em sua recuperação rápida. O outro médico me deixou cheia de esperança Quando disse que a recuperação seria de 100% no prazo de quinze dias. Nem eu mesma acreditei no que estava ouvindo. Trocou os medicamentos; em 48 horas eu percebi que tinha algo estranho em seu tratamento. Uma vez que a melhora era surpreendente. No dia 19 de março, às 19 horas, ele estava sentado na calçada de nossa casa. Quando eu cheguei perto dele, ele me perguntou: “porque todo mundo que passa por aqui me pergunta como eu estou, fala pra mim que Deus existe e eu sou um milagre da vida? Que dia era hoje? Quantos dias eu estava doente? Eu respondi que ele não estava doente; mas, tinha sofrido um acidente no início do mês de março. Ele olhou para o seu corpo e não viu sequer uma marca de arranhão. "Como assim, se não estou machucado?" Foi muito difícil falar para ele que o seu problema era cerebral e não físico. Hoje, passado 25 dias, a sua recuperação é extraordinária, graças ao nosso bom Deus.

Se minha confiança em Deus era grande, agora ficou maior. A gente nunca pode desistir. Enquanto há vida, há esperança; a vida é o maior tesouro que um ser humano pode receber...Eu agradeço aos recantistas por suas orações e que Deus abençoe a todos.

Iranilda Nascentes

Silvanio Alves

*Publicado no Recanto das Letras em 26/03/2010

Código do texto: T2159881