O assunto dos outros
Assunto pra crônica não falta nunca. Uma notícia no jornal, outra na televisão, um comentário inteligente, uma piada contada por alguém, um simples olhar para a natureza, uma lembrança, uma pesquisa que nos interessa, e lá ficamos nós motivados para escrever.
Agora entendo porque um determinado autor de sociologia, que li há muitos anos, disse no prefácio que seu livro não deixava de ser um plágio, pois estava ali um estudo que ele absorveu lendo livros de outros autores e que a filosofia que se encontrava atrás de sua reflexão sociológica poderíamos encontrar nos filósofos do passado e até mesmo de uma filosofia de vida ensinada pelos seus pais. Estava ele ali, no seu livro, a repetir os ensinamentos dessa gente toda.
Claro, o seu livro, excepcional, diga-se de passagem, não era um plágio, como costumamos entender. Homem generoso que era, na verdade, queria homenagear todos os outros que contribuíram com a sua tese, embora a sua marca pessoal, o seu enfoque, a sua visão única mostrasse também o seu talento especial.
Até mesmo a falta de assunto passa a ser assunto para uma crônica.
Narrar uma extravagância de alguém que conhecemos, sempre achei um bom tema.
Como aquele cara, já idoso, que vivia entrando na única papelaria da sua cidade, só para sentir o gosto novamente dos seus tempos de menino. Adorava entrar no armarinho, nome que se dava à papelaria de hoje. Ia lá em busca de bolinhas de gude, soldadinhos e cavalinhos, pião e papel de seda para fazer suas pipas.
Além do mais, sempre viu o armarinho como um grande parque de diversões, onde se podia andar na roda gigante.
Sabia que não encontraria mais os seus brinquedos de criança nos dias modernos de hoje. Mas mesmo assim não resistia.
- o que o senhor deseja?
- hem? Ah! Por favor, me dê uma caixinha de clips
- é a terceira vez que o senhor compra caixinha de clips. O movimento no seu escritório deve ser muito grande, não é?
- não, moça! É que minha secretaria, sem querer, jogou as caixas no lixo, falta de atenção.
- ah! Bom. Vou lhe vender outra caixa.
O velhinho sai da loja e já na calçada vai arquitetando o seu plano para o dia seguinte.
Pensa, com uma cara de “garoto” sabido: - “já manjaram o meu “golpe. Amanhã, compro uma espátula!”
Assunto pra crônica não falta nunca. Uma notícia no jornal, outra na televisão, um comentário inteligente, uma piada contada por alguém, um simples olhar para a natureza, uma lembrança, uma pesquisa que nos interessa, e lá ficamos nós motivados para escrever.
Agora entendo porque um determinado autor de sociologia, que li há muitos anos, disse no prefácio que seu livro não deixava de ser um plágio, pois estava ali um estudo que ele absorveu lendo livros de outros autores e que a filosofia que se encontrava atrás de sua reflexão sociológica poderíamos encontrar nos filósofos do passado e até mesmo de uma filosofia de vida ensinada pelos seus pais. Estava ele ali, no seu livro, a repetir os ensinamentos dessa gente toda.
Claro, o seu livro, excepcional, diga-se de passagem, não era um plágio, como costumamos entender. Homem generoso que era, na verdade, queria homenagear todos os outros que contribuíram com a sua tese, embora a sua marca pessoal, o seu enfoque, a sua visão única mostrasse também o seu talento especial.
Até mesmo a falta de assunto passa a ser assunto para uma crônica.
Narrar uma extravagância de alguém que conhecemos, sempre achei um bom tema.
Como aquele cara, já idoso, que vivia entrando na única papelaria da sua cidade, só para sentir o gosto novamente dos seus tempos de menino. Adorava entrar no armarinho, nome que se dava à papelaria de hoje. Ia lá em busca de bolinhas de gude, soldadinhos e cavalinhos, pião e papel de seda para fazer suas pipas.
Além do mais, sempre viu o armarinho como um grande parque de diversões, onde se podia andar na roda gigante.
Sabia que não encontraria mais os seus brinquedos de criança nos dias modernos de hoje. Mas mesmo assim não resistia.
- o que o senhor deseja?
- hem? Ah! Por favor, me dê uma caixinha de clips
- é a terceira vez que o senhor compra caixinha de clips. O movimento no seu escritório deve ser muito grande, não é?
- não, moça! É que minha secretaria, sem querer, jogou as caixas no lixo, falta de atenção.
- ah! Bom. Vou lhe vender outra caixa.
O velhinho sai da loja e já na calçada vai arquitetando o seu plano para o dia seguinte.
Pensa, com uma cara de “garoto” sabido: - “já manjaram o meu “golpe. Amanhã, compro uma espátula!”