Sentimento humanitário (*)
Com a tragédia acontecida esta semana em Realengo, Rio de Janeiro, em que a mídia chamou a atenção de todo o país para mais um caso de grande perversidade, de grande crueldade, de mais um caso desumano e impiedoso, enfim, de mais um caso de extrema violência, percebe-se que o mesmo filme, a mesma história, vem se repetindo diariamente.
Mais uma vez um desequilibrado mata vários pré-adolescentes, vários inocentes, vários jovens alegres, felizes e sonhadores.
Então, conclui-se que algo está errado com o modelo atual da sociedade humana no mundo e, mais especificamente, com o modelo atual da sociedade brasileira, que deve ou tem que ser repensado pois os noticiários – na maior parte do seu tempo de trabalho - só noticiam ou só falam de violência existente entre os seres humanos que compõem essa sociedade e já faz muito tempo que isso vem ocorrendo.
Na realidade, com a tragédia, quem sofre mesmo são os parentes e os amigos da vítima. A vítima, infelizmente, geralmente tem sua vida ceifada ainda no gozo de sua juventude.
O caso do meu amigo e saxofonista Osvaldir Gonçalves (*ver poesia abaixo) foi semelhante à violência praticada em Realengo, no Rio de Janeiro. O que aconteceu em Florianópolis, naquela madrugada de sexta-feira, do mês de fevereiro de 1998, foi uma briga de alguns homens (homens ?) e um deles, dentro do próprio clube social, local esse construído para dançar e divertir-se, sacou de uma pistola e começou a fazer vários disparos aleatoriamente, isto é, para todos os lados, vindo a ferir várias pessoas – homens e mulheres – presentes no baile e um desses disparos atingiu mortalmente o grande músico e a grande pessoa que era o Osvaldir.
Anteriormente a esse ato estúpido e insano de violência atroz, que acabou por ocasionar a morte prematura de um grande músico e de um grande homem, já havia acontecido um ato de discriminação racial contra o mesmo, sendo ele atingido por pessoas que o agrediram em frente à porta de um clube em que iria trabalhar – apresentando-se como músico – pelo simples fato de o mesmo ser de cor negra.
Então, atualmente, o que a humanidade está sentindo mesmo é a falta de mais sentimento humanitário e a sua prática pois todos os seres humanos são iguais perante a lei, todos são filhos da mesma Existência e do mesmo Deus, todos possuem “alma e espírito” semelhantes e, por isso mesmo, ninguém é melhor do que ninguém, ou pior, em razão das diferenças existentes, como por exemplo, em razão da diferença de cor da pele ou em razão de uns serem mais ricos financeiramente do que outros porque, no fundo, ninguém levará nada daqui quando morrer, a não ser o bem que fez para o próximo, ou seja, a bondade que praticou.
Assim, se a humanidade colocasse realmente em prática o humanitarismo, a bondade e a complacência, o mundo seria outro e não haveria nenhum tipo de violência. Não haveria necessidade de armas, ou seja, de nenhum armamento bélico, de nenhum arsenal nuclear, não iria ter-se razões para matar ou assassinar, nenhuma cobiça, nenhuma competitividade etc mas sim, e tão somente, haveria apenas simplicidade e solidariedade e, assim, todo o mal seria banido da face da Terra e todos os homens viveriam em paz e felizes.
No passado, o ator, o diretor de cinema e pensador Charles Chaplin disse: “Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido.”
Ao grande saxofonista (*)
Muitos vôos alçamos juntos: eu com meu violão,
Você com o seu saxofone! A vida ficava mais alegre
E vibrante quando entoávamos nossos sons,
Que se eternizaram no infinito!
Hoje a vida ficou mais triste
Pois não poderá ouvir jamais
As notas sonoras do seu saxofone,
Ainda mais belas quando tocadas de improviso!
Vamos procurar absorver o conteúdo
Dessa estranha realidade: a perda de um
Grande músico, dedicado, uma alma amiga
Que nos deixou, vítima de estúpido ato de violência.
Você foi embora mas o seu sorriso largo ficou,
Como também ficou o seu exemplo de homem público
Cheio de otimismo, companheirismo, honestidade,
Amor, espírito de coletividade e respeito ao próximo!
Osvaldir Gonçalves: cabo do exército à espera da farda
De sargento, por merecimento, pois que já havia sido
Aprovado num concurso federal, no ano próximo passado.
Meus parabéns!!! Grande músico da banda e de grandes parcerias!
Você foi um vitorioso por aqui! A platéia,
Bem como seus amigos do mundo da música,
Tanto da banda do quartel, quanto dos bares e restaurantes,
Todos ouviram e se emocionaram com suas apresentações maravilhosas!
Aonde você estiver, esteja com Deus,
Na Luz do Amor Divino! Amor esse
Que muito você soube nos irradiar
Com simplicidade, amizade e calor humano!
Não à violência! Que se continue a conscientização
Pela não violência em Santa Catarina, no Brasil
E no mundo. Que todos os países lutem em prol de uma
Convivência fraterna, de respeito e dignidade.
“Os responsáveis pelo futuro
são os pais e as autoridades!
Ou o homem acaba com o crime
Ou o crime vai acabar com o homem”.
Que a concórdia, o entendimento entre os cidadãos,
Seja a meta principal a ser alcançada no seio
De uma sociedade civilizada, onde, acima de tudo,
O diálogo deve imperar, por amor a si, ao próximo e à paz!!!
(*) Homenagem ao músico saxofonista, Cabo Osvaldir Gonçalves, da Banda do Exército – 63º Batalhão de Infantaria, em Florianópolis – SC, tragicamente assassinado a tiros na madrugada do dia 2 de fevereiro de 1998, em frente à Associação dos Funcionários da Bescri, no Jardim Atlântico, Florianópolis–SC.
(*) Poema publicado no Jornal AN Capital, Florianópolis–SC, poucos dias após a sua morte.
(*) Curiosidades: O músico Osvaldir Gonçalves era de cor negra mas falava fluentemente a língua alemã. Certa noite ao chegar numa cidade catarinense de colonização alemã, foi xingado em língua alemã por dois anfitriões alemães, por ser negro, ao entrar no clube da cidade onde iria apresentar-se com seu saxofone. Ele contava que tinha entendido todos os palavrões contra ele dirigidos. Após a apresentação, essas mesmas pessoas que o haviam xingado foram parabenizá-lo e ele os questionou porque o haviam xingado em língua alemã momentos antes, e fez com que os agressores pedissem desculpas.
Osvaldir Gonçalves contava essa e outras histórias e muitas piadas. Por isso que, além de grande músico, era uma pessoa maravilhosa.
(*) ESTA POESIA E OS RESPECTIVOS ADENDOS JÁ HAVIAM SIDO
CADASTRADOS NO SITE "RECANTO DAS LETRAS".
(*) Após ter constatado erros gramaticais crassos e incoerentes no comentário feito abaixo, de autoria de Paulo Jo Santo, a respeito desta crônica, Naza Poeta Holístico o manteve porque o seu conteúdo está coerente e bom, possuindo uma visão profunda a respeito do tema.
Mesmo assim, Naza Poeta Holístico publicou neste site a carta (e-mail)abaixo, cujo conteúdo já havia sido enviado ao autor do comentário, antes de ser publicado, para o mesmo tomar as providências solicitadas. Como isso não aconteceu até o presente, o autor da crônica achou por bem publicar o conteúdo correto do comentário.
"Prezado escritor Paulo Jo Santo":
Obrigado por seu comentário à minha crônica "Sentimento humanitário".
Concordo com o seu raciocínio ao analisar o meu texto, mas quero deixar claro que sou do sexo masculino. Digo isso porque você, por duas vezes, refere-se a mim no texto como se eu fosse uma mulher.
A foto que está em minha página no site Recanto das Letras, atualmente, estampa um homem de barbas - que sou eu - e uma mulher - que é a cantora argentina Mercedes Sosa (in memoriam) -, considerada uma das maiores cantoras do mundo e que é chamada de "a voz da América Latina".
Esta foto foi tirada em 1995 no camarim do Centro Integrado de Cultura - CIC -, em Florianópolis, após um show musical que Mercedes Sosa deu para o público catarinense.
Se você achou que eu fosse a grande Mercedes Sosa, fico grato mas, de qualquer modo, gostaria que – se possível – você fizesse um novo comentário nesse mesmo texto, retificando o modo como você referiu-se a mim. Pode até aproveitar o mesmo comentário, revisado.
Mesmo assim fico agradecido por suas valiosas ponderações inseridas em seu comentário referente ao texto em epígrafe.
Atenciosamente,
Naza Poeta Holístico
- Pseudônimo literário de Norberto Nazareno Barreiros Fortes –
Naza Poeta Holístico
Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2011
Código do texto: T2899876
Este equívoco foi comunicado - via e-mail - para o autor do comentário, através do “contato” disponibilizado pelo site “Recanto das Letras”, logo após o autor da crônica ter tomado conhecimento do conteúdo do comentário mas, até o presente, o mesmo não deu retorno, nada respondendo.
Assim, Naza Poeta Holístico, deliberadamente, aproveitou o comentário feito a esta crônica, o revisou e o introduziu novamente nesta página por uma questão de coerência gramatical e de bom senso. Vejamos, então, o resultado desse trabalho.
Comentário de Paulo Jô Santo à crônica “Sentimento humanitário” após seu texto analítico ter sido revisado pelo revisor ortográfico Norberto Nazareno Barreiros Fortes, escritor e poeta que possui o pseudônimo literário de Naza Poeta Holístico.
"09/04/2011 06:49 - Paulo Jo Santo"
"O ser humano precisa aprender a buscar a paz. Acho que cobiçamos demais o valor do outro e menosprezamos nossas potências. O dia que cada um aprender a lidar consigo mesmo e acreditar em seus sonhos e ideais, primeiro não terá tempo para ocupar a mente com a maldade e outras coisas vis. Da mesma forma, quando este procurar buscar dentro de si a energia celestial motivadora do bem, estará mais preenchido e feliz pois poderá começar sua história de redenção e que refletirá coletivamente, fazendo com que prodígios aconteçam e a felicidade realmente se faça. O que deixa mais triste em todas essas histórias, é que com um pequeno gesto, mesmo com todas as adversidades, podemos mudar tudo para melhor. É muito importante a ajuda do outro para, nos momentos de dúvidas e dores, podermos ter um porto seguro para nos recompormos emocionalmente. Mas o vital é aprendermos a ter coragem de olharmos para o fundo do nosso ser e começarmos a fazer uma faxina de tudo o que está velho, embolorado e mesmo podre dentro de nós pois, com este arejamento da alma, poderemos estar mais leves para trilhar uma nova caminhada, uma nova descoberta, um recomeço, para atingirmos um estado de vida mais feliz. Daí o amor se estabelecerá de fato e não teremos mais mente para o ódio, o rancor e, principalmente, não alimentaremos a violência dentro de nós, violência esta que é cometida repetidamente das mais variadas formas. Eu sou solidário ao seu pensamento e acredito que algo de bom irá se suceder pois uma coisa ocorre de fato: estamos nos sentindo estrangulados por toda essa onda do mal e acredito que o basta reconfortador logo chegará, ainda que seja movido pela necessidade da sobrevivência".
(*) Este é o texto original do comentário:
09/04/2011 06:49 - Paulo Jo Santo
o ser humano precisa aprender a buscar a paz. acho que cobiçamos demais o valor do outro e menosprezamos nossas potências. o dia que cada um aprender a lidar consigo mesmo e acreditar em seus sonhos e ideais, primeiro não terá tempo para ocupar a mente com a maldade e outras coisas vis. da mesma forma, quando este procurar buscar dentro de si a energia celestial motivadora do bem, este mais preenchido e feliz poderá começar sua história de redenção e que refletirá coletivamente, fazendom com que prodígios aconteçam e a felicidade realmente se faça. sabe, amiga naza, o que deixa mais triste em todas essas histórias, é que com um pequeno gesto, mesmo com todas as adversidades podemos mudar tudo para melhor. é muito importante a ajuda do outro para os momentos de dúvidas e dores, podermos ter um porto seguro para nos recompormos emocionalmente. mas o vital é aprendermos a ter coragem de olharmos para o fundo do nosso ser e começarmos a fazer uma faxina de tudo o que está velho, embolorado e mesmo podre dentro de nós. pois com este arejamento da alma, poderemos estar mais leves para trilhar uma nova caminhada, uma nova descoberta, um recomeço para atingirmos um estado de vida mais feliz. daí, o amor se estabelecerá de fato e não teremos mais mente para o ódio, o rancor e principalmente, não alimentaremos a violência dentro de nós. violência esta que é cometida repetidamente das mais variadas formas. eu sou solidário ao seu pensamento e acredito que algo de bom irá se suceder, pois uma coisa ocorre de fato, estamos nos sentindo estrangulados por toda essa onda do mal e acredito que o basta reconfortador logo chegará, ainda que seja movido pela necessidade da sobrevivência. beijos amada!
(*) Após ter sido comunicado novamente, isto é, por duas vezes, o autor do comentário Paulo Jo Santo não adicionou o texto revisado pelo autor da crônica na íntegra mas, finalmente, compreendeu que tratava-se de um homem e, então, utilizou uma expressão no final do texto que faz referência a uma pessoa do sexo masculino, conforme percebe-se em seu novo comentário abaixo.
Naza Poeta Holístico agradece ao autor do comentário por ter compreendido a sua solicitação e atendido o seu pedido e aproveita para desejar-lhe votos de felicidade.