Porque os filhos  crescem? 



               Hoje, egoísticamente, queria todos eles pequenos, em volta de mim, queria-os, talvez, ainda dentro de mim, protegidos do mundo; mas, a vida precisa cumprir seu ciclo. O cordão umbilical precisa ser, definitivamente, cortado, o que, necessariamente, provoca  dor, sangramento, medo. 

               Mesmo assim é preciso vê-los partindo, voando em direção aos seus sonhos...
Mas, como explicar isso ao coraçao? Como ordenar as lágrimas que cessem sua viagem e parem de embaçar a visão? Como segurar este grito de dor preso na garganta? Como ignorar o vazio da casa? O lugar sobrando na mesa? Quem vai me chamar de “mama linda” e me tomar a benção todas as manhãs?

               Esta semana dois de meus filhos foram para longe de mim. O mais velho, filho do coração, foi para região do cariri (Ceará), o caçula, biológico, foi para o ES. Ambos receberam boas ofertas de trabalho e seguiram em busca de seus sonhos.

               A mulher, a amiga, a conselheira que há em mim ajudou-os na hora de decidir, mas a mãe desmoronou na hora da despedida. A sensatez me manda olhar tudo pelo ângulo da lógica, dos benefícios que esta mudança trará para vida de todos nós. A emoção, entretanto, só consegue sentir a saudade, a tristeza de não tê-los por perto, a falta que eles estão fazendo. 

               O fato de um já estar morando em seu próprio cantinho há algum tempo e o outro ter morado em Natal durante mais de um ano não ajuda em nada a superar esta tristeza. Antes era só atravessar algumas ruas ou enfrentar menos de trezentos quilômetros de estrada. 

               Como Saulo disse, “ não estamos nos distanciando, estamos apenas indo para mais longe”. Eu sei disso. Meu coração já conhece bem a diferença entre distância e afastamento,  mas, infelizmente isso não ameniza a saudade.

               Assim como sei que a dor se acomodará no colo da saudade e, em determinado momento, já não será tão frequente, também sei que ela permanecerá pronta para se transformar em véus de saudade sempre que a ausência se fizer mais forte.



 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 08/04/2011
Reeditado em 14/08/2012
Código do texto: T2897457
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