Firme e serena
Há alguns anos, ao término do período letivo, numa avaliação de desempenho profissional, recebi como feed-back que apesar de ser ótima no que fazia, deveria aprender a ser mais firme e serena.
Tentei argumentar, por achar que ou se é firme ou se é sereno, que firmeza e serenidade eram adjetivos mutuamente excludentes.
Recebi como resposta:
- “Não são, tente sempre!”
Fui para casa “ruminando”, a contra gosto, essa “firmeza serena” ou seria “essa serenidade firme”, que julgava ser impossível conjugar.
Relembrei minha infância, onde a firmeza paterna contrastava com a serenidade que só uma avó sabe passar...
Na adolescência confundi, por vezes, firmeza com arrogância, e por pura falta de limites internos, “perdi” a educação.
Serenidade então, nem pensar!!! Era “coisa de velho”, o legal era a adrenalina, a ânsia de viver o momento, intensa e totalmente, pois a vida era fugaz.
O tempo passou, por vezes essa indagação me voltou à mente... “desencanei” e simplesmente vivi.
Hoje, vejo que o frei Agostinho, do alto de sua maturidade sábia, tinha razão, pode-se ser firme mantendo a serenidade, pode-se ser sereno com firmeza, naturalmente.
Compreendi então a diferença entre ser “boazinha” e SER BOA, e que ser firme não é sinônimo de magoar.
Já consigo ser firme sem me sentir mal, estou perdendo aos poucos, a necessidade de agradar.
Por vezes, até me sinto serena, sem deixar nada pra lá...
Aprendi que as mudanças são possíveis e muitas vezes benéficas, depende apenas da capacidade de olhar para si mesmo, quebrar tabus, desprezar rótulos, ousar.
E eu que achava impossível “ser firme e serena”, me percebo sendo, e vi que ambas são qualidades que podem se complementar, é só uma questão de tentar... sempre!